segunda-feira, 15 de abril de 2024

Gleisi rebate Mirian Leitão e fala sobre o que viu na China: ‘Prosperidade e inclusão’

 Atualizado em 14 de abril de 2024 
Presidente do PT Gleisi Hoffmann. Foto: Divulgação
Por Gleisi Hoffmann
Li a coluna da jornalista Míriam Leitão, por quem tenho respeito, apesar de divergências, que fala sobre nossa visita à China e questiona o momento dessa viagem e de minhas declarações, tendo em vista a ofensiva da extrema-direita com seus argumentos mentirosos sobre comunismo e uma ditadura no Brasil.
Logo de início deixa claro, corretamente, que o PT governou o Brasil sempre de forma democrática. Essa visita já estava programada faz tempo, desde a vinda ao Brasil, em setembro do ano passado, do dirigente do comitê Central do PCCh, Li Xi.

Alguns esclarecimentos são necessários para que se entenda o processo e a importância dessas relações para o nosso país:

3. Não existe um modelo acabado de socialismo, é uma construção a partir da realidade, cultura e condições políticas de cada país. O PT defende o socialismo democrático, a ser construído de acordo com nossa realidade, condições e vantagens competitivas. Ao fim e ao cabo, o que queremos é que o povo brasileiro seja considerado nesse processo, saindo da miséria e pobreza, tendo condições dignas de vida. Para isso precisamos ser ousados, como foram os chineses, sempre considerando a nossa realidade.

Gleisi com Li Xi, secretário do Partido Comunista da China. Foto: Divulgação

4. O que vi na China foi uma sociedade próspera, que cresce, inclui a população e influencia o mundo. Com grandes investimentos na indústria, infraestrutura e tecnologia. Eles têm um planejamento para o desenvolvimento do país. Sim é o Partido Comunista quem governa, de forma planejada e organizada. E isso vem dando certo para a maioria do povo chinês.

5. Aqui, somos histórica e culturalmente diferentes. Temos diversidade partidária e de opiniões, mas isso não impede de planejarmos um modelo de desenvolvimento que corresponda às dimensões, à potencialidade e às necessidades do Brasil. Os chineses têm como meta, por exemplo, o investimento de 10% do seu PIB em pesquisa e desenvolvimento. E nós, qual é a meta q nos move?

6. Somos grandes, importantes na geopolítica, e nos tratamos como pequenos, amedrontados por um debate conjuntural, que se não enfrentarmos nos levará a derrota no desenvolvimento do país. É preciso ousadia da elite brasileira para fazer do Brasil uma potência. E ele pode e deve ser.

7. O PT chega até aqui sem esconder suas posições, talvez por isso chegamos. Disputando idéias e defendendo causas, e isso com o DNA democrático, que foi uma das causas fundantes da nossa existência.

8. Há muito preconceito sobre a vida no Oriente. Os ocidentais nutrem uma prepotência enorme em relação ao que conhecem pouco. Não precisamos copiar ninguém, apenas reconhecer o sucesso alheio e ver quais ensinamentos nos proporcionam.

9. O agronegócio brasileiro e o setor de minérios sabem muito bem o que a China representa para seus interesses. Se acham que é uma ditadura a ser combatida podiam começar por encerrar as relações comerciais que têm com o país governado pelo Partido Comunista. Ao fim ao cabo, esses setores de tanto sucesso no Brasil, estão alimentando e incentivando a governança chinesa.

Glenn quer “colonizar” o Brasil com “chorume do monturo bolsonarista”, diz Reinaldo Azevedo

 Por Reinaldo Azevedo 

Glenn Greenwald escreve artigo na Folha em que acusa ilegalidades em decisões do STF. Não há argumentos jurídicos. Só o chorume que escorre do monturo bolsonarista. Por que ele faz isso? Não especularei a respeito agora. Apego-me a outra questão. Glenn acusa a esquerda de ser servil a Alexandre, ignorando divergências do passado.

Pois é… Tudo tem de ser visto no seu tempo. Se o ministro, dentro das regras do jogo, enfrenta os fascistoides e golpistas, nada há de estranho em tal apoio. Se Glenn vê nisso uma incoerência, ele próprio é personagem de uma contradição que lhe parece condenável.

Quando o bolsonarismo tentou chutá-lo do Brasil — numa mistura de autoritarismo, ilegalidade, xenofobia e homofobia —, Glenn recebeu o apoio unânime das esquerdas, que ele agora ataca. Parece um empate de contradições, mas não é. Explico: 1: a esquerda era, sim, hostil a Alexandre e hoje apoia muitas de suas decisões pq ele enfrenta os neofascistas; 2: Glenn, antes apoiado pelas esquerdas contra as ameaças neofascistas, hoje está em campo oposto e alinha suas posições com os que queriam expulsá-lo ou prendê-lo.

Como se nota, nos dois casos, há, na verdade, coerência dos progressistas. Quem precisa explicar suas novas e más companhias é Glenn, não a esquerda. A propósito: Glenn revela uma alma, digamos, algo colonialista em relação ao Brasil: toma as leis de seu país de origem como universais. E, também no seu caso, é uma sorte que não seja.

Glenn Greenwald. Foto: Divulgação

Nos EUA, um episódio como o dos hackers poderia lhe render cadeia por “contempt of court”. No Brasil, tentar golpe de estado pode render processo e cadeia — para jornalista ou não. Mas jamais um jornalista será ameaçado por não revelar sua fonte. Moro, hoje aliado de Glenn, bem que tentou.

Mas as esquerdas, hoje inimigas do buliçoso e belicoso jornalista americano, denunciaram a ameaça ilegal. Glenn precisa parar com essa mania de achar que está aqui para “civilizar” os nativos. No que respeita à defesa da democracia, os EUA têm muito a aprender com o Brasil contemporâneo, não o contrário.

Desde que saiu do Intercept, Glenn tenta encontrar por aqui um lugar no mercado das ideias. Até agora não conseguiu nada além de ser linha auxiliar do bolsonarismo, que queria expulsá-lo do Brasil e chegou a acusá-lo de fazer parte, com o então marido, de um complô para conseguir uma vaga na Câmara.