sexta-feira, 23 de julho de 2010

Desempenho pífio em entrevista á TV Brasil


Foi oposto ao de Dilma Rousseff (na 4ª feira pp.) o desempenho do presidenciável da oposição, José Serra (PSDB-DEM-PPS), na entrevista ao programa "3 a 1" exibido nessa 5ª feira pela TV Brasil. Serra alternou momentos em que falou baixo e parecia desinteressado em relação às perguntas, com outros em que parecia sonolento - ele é notívago.

Embora não fosse debate - um confronto direto com Dilma - acho que o adversário esqueceu a conclusão dos analistas políticos de que John Kennedy ganhou a eleição presidencial norteamericana de 1960 porque na última entrevista conjunta dele com o adversário Richard Nixon, este passou na rede de TV imagem pior e nem se barbeara.

O fato é que o primeiro bloco inteiro de Serra no "3 a 1", dedicado a reforma política, foi morno. O candidato empregou clichês para colocar que a mudança vai reduzir os gastos das campanhas eleitorais - e só. Mas, a redução de custos de campanha é apenas um dos pontos do amplo leque de inovações que o país precisa e a reforma política vai trazer. No ar, Serra manteve uma expressão de quem estava ali por pura obrigação e não para dialogar com o eleitor.

Candidato reivindica paternidade do que não é seu

Como os entrevistadores perguntaram pouco, o candidato discursou o tempo todo. Ponto interessante: quando a jornalista Tereza Cruvinel perguntou-lhe o que ele mudaria primeiro num eventual governo tucano, Serra respondeu: “Acabaria com o loteamento (de cargos)”. Essa é a prioridade de um chefe de Estado? Um presidente responsável não estaria preocupado com assuntos básicos como Saúde, Educação, Segurança e Geração de Renda?

No mais, a repetição de lugares comuns. Ele já abordou e na certa continuará a repetir que no Brasil pobre paga mais imposto que rico; o problema das drogas avançou muito nos últimos 10 anos; o Governo (atual) é fraco no Congresso Nacional e só tem essa imagem de forte (quase 80% de apoio e aprovação populares atestados pelas pesquisas) por causa da popularidade do presidente Lula.

Chamou-me atenção, ainda, o fato dele afirmar que criou o Bolsa Família - não sei se referia-se aos 3,5 anos em que foi governador de São Paulo ou aos oito anos em que foi ministro do presidente Fernando Henrique. Eles costumam dizer que nesse período de governo FHC/Serra criaram o Bolsa Escola, que consideram embrião do Bolsa Família.

O que é incoerente e um contrassenso porque sempre criticaram este programa do governo Lula. Chamariam de "bolsa esmola", como fazem nos ataques que nos dirigem, um programa que eles teriam criado?


Distrital pregado por tucano é ruim para o país

Não dá para deixar passar sem uma análise mais detalhada a entrevista que o candidato da oposição a Presidência da República, José Serra (PSDB-DEM-PPS) concedeu à TV Brasil, exibida na 5ª feira. A implantação do voto distrital puro, defendida por ele, seria nociva. Adotá-lo num pais como o Brasil e da forma como quer Serra é o fim das minorias e a volta do bipartidarismo que vigorou durante a maior parte da ditadura militar.

O candidato do PSDB e aliados da oposição falou sobre as reformas política e tributária. Sem dizer, óbvio, que seu partido votou contra a reforma política já aprovada pelo Senado, e que a reforma tributária está até hoje na Câmara por decisão do próprio Serra. Ele pressionou e mobilizou aliados contra a proposta por considerar que ela contraria o interesse de São Paulo, o que não é verdade.

Serra retoma a questão da extinção da CPMF - na virada de 2007/2008 - para dizer que ela não foi aprovada por causa da obstrução de um deputado do PMDB. Não é verdade. A manutenção da CPMF nos termos então propostos pelo governo não foi mantida por pura e simples decisão do PSDB-DEM-PPS que articulados com a FIESP e a direita conservadora do país decidiram extinguí-la via Congresso Nacional. Ao votar pelo seu fim, retiraram da Saúde e do Orçamento Geral da União mais de R$ 40 bi/ano.

A extinção da CPMF pela oposição tinha outro propósito nunca explicitado por ela: o interesse real era evitar, por exemplo, a continuidade do uso pela Receita Federal dos dados cruzados da CPMF e do Imposto de Renda para combater a sonegação. E mais do que isso, combater a lavagem de dinheiro, trabalho possibilitado pelo imposto extinto. Essa é a verdade nua e crua sobre o fim da CPMF.

Do blog do Zé Dirceu

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