segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Colômbia desistiu de acordo militar com EUA, diz senadora


O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, não tem intenção de tramitar no Congresso o acordo militar com os EUA que autoriza tropas americanas a utilizarem bases militares colombianas, afirmou na última sexta a vice-presidente do Senado, Alexandra Moreno. A declaração gerou reação do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que disse ser "um alívio para a maioria dos povos da região".
Em declarações à agência de notícias EFE, a senadora disse que o governate colombiano, que assumiu o cargo no começo de agosto, manifestou aos congressistas que "vai deixar quieto" o projeto.

"O presidente nos manifestou que não vai tramitá-lo no Congresso, que vai deixá-lo quieto", afirmou Moreno. A senadora foi a primeira governista a ser taxativa sobre o tema, mas tanto o ministro do Interior, Germán Vargas Lleras, como Santos já haviam sinalizado que o tratado "essencial" para o governo de seu antecessor, Álvaro Uribe, é uma dúvida neste momento.No final de agosto, o "Washington Post" publicou que fontes ligadas a Santos afirmaram que o governo "tende" a deixar o acordo morrer.

O anúncio do acordo, em julho do ano passado, ainda no governo do antecessor de Santos, Álvaro Uribe, desatou uma grave crise regional, atraindo críticas de Brasil, Venezuela, Bolívia e Equador, entre outros países sul-americanos.

O entendimento entre Bogotá e Washington previa o uso pelos EUA de sete bases colombianas, segundo a Colômbia como forma de dar continuidade à parceria bilateral no combate ao narcotráfico e a guerrilhas como as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

Para críticos, no entanto, significa uma ingerência dos EUA na América do Sul, fornecendo a Washington um entreposto militar para operações no subcontinente. O acordo chegou a entrar em vigor, mas em agosto passado foi invalidado pela Corte Constitucional, que considerou que o tema deveria ter tramitado no Congresso colombiano.

Ao ser eleito, Santos prometeu dar continuidade a políticas do popular antecessor, mas tem se pautado também pela reaproximação com vizinhos como Equador e Venezuela, com cujos líderes Uribe teve conturbadas relações.

O venezualeno Hugo Chávez comemorou o anúncio feito pela senadora: "Impôs-se a racionalidade, o senso comum e a responsabilidade. O governo [colombiano] anterior atuou na estratégia de guerra do Pentágono", disse Chávez ao jornal "Ultimas Noticias".

EUA

Os EUA têm minimizado os efeitos da suspensão do tratado. O maior interesse do Pentágono era na utilização da base área de Palanquero, no centro do país, para o qual o Congresso americano já aprovou US$ 46 milhões.

O ato de aprovação do acordo frisa que nenhum recurso pode ser utilizado até que os países cheguem a "um acordo" que permita ao Comando Sul realizar toda sua "estratégia anti-drogas". Segundo analistas, Washington pode decidir levar adiante o investimento nas bases usando verba de outras fontes.

Além de Palanquero, a suspensão do tratado também tira dos militares e contratistas americanos outras vantagens obtidas na negociação com Uribe, como imunidade diplomática até para familiares e porte de arma.

Vermelho

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