quinta-feira, 25 de novembro de 2010

CEF e a compra do banco de Sílvio Santos


"Não houve, por parte da Caixa Econômica Federal, falha no processo de aquisição (do Banco PanAmericano). A Caixa não considera que perdeu (porque) não comprou do ponto de vista de especulador, mas com base em um planejamento estratégico. A recuperação patrimonial (do PanAmericano) é factível. É possível implementar o Plano de Negócios para que a Caixa passe a ter o retorno e a resposta esperada".

São convincentes as declarações da presidente da Caixa (CEF), Maria Fernanda Ramos Coelho, feitas em audiência pública no Senado para explicar a operação de compra de 49% do PanAmericano, banco do Grupo Sílvio Santos (veja nota abaixo).

O banco recebeu socorro de R$ 2,5 bi do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), este mês, após constatação de um rombo nesse montante em suas operações. Convincentes e necessárias porque ações tais como a compra parcial do banco pela CEF são complexas e muitas vezes suscitam dúvidas, das quais algumas eu mesmo levantei aqui.

Pelas justificativas de Maria Fernanda, o PanAmericano será importante para o crescimento da CEF em áreas onde a participação desta é pequena, tais como financiamento de carros, leasing e consignado. Mas, suas declarações deixam público, principalmente, a boa fé da CEF e a certeza de que não houve na operação de compra nenhuma irregularidade por parte da instituição.

Meirelles: BC não é auditor financeiro


A presença do presidente do Banco Central (BC), dr. Henrique Meirelles, à audiência pública do Senado para tratar da compra do Banco PanAmericano pela Caixa Econômica Federal (CEF) tornou mais compreensível o papel fiscalizador da autoridade monetária.

Conforme esclareceu o dr. Meirelles, o trabalho de fiscalização do BC tem como objetivo evitar risco sistêmico e não pode nem deve ser confundido com auditoria. Para ele, se o Banco desempenhasse essa função, além dos elevados custos para os cofres públicos, precisaria ter um exército de auditores para analisar todo o sistema financeiro.

"Seria uma supergalática empresa de auditoria do BC auditando todas as empresas financeiras do Brasil. Não há viabilidade para isso", observou Meirelles aos senadores. Muito bom, também, que o presidente do BC tenha deixado claro não ter havido falhas por parte da autoridade monetária.

Houve falha na gestão do PanAmericano


Ele destacou que o BC, inclusive, foi o 1º a descobrir as irregularidades nas contas do PanAmericano e, à essa altura, não haver mais dúvidas: houve sim, falha de gestão no banco de Sílvio Santos e a responsabilidade deve ser identificada nos processos abertos no BC e no Ministério Público.

Para Meirelles e para a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho (leia nota acima) a demora do BC em aprovar a compra do Panamericano pela CEF terminou sendo providencial porque evitou que esta instituição também tivesse que injetar recursos para ajudar a cobrir o rombo de R$ 2,5 bi do banco de Sílvio Santos.

"O problema foi detectado e solucionado a tempo, antes da aprovação final dessa fusão pelo BC. A partir daí é que se institui a responsabilidade solidária da Caixa ao passivo do banco. E isso vai além de R$ 700 milhões", detalhou Meirelles.

BC demorou um ano para aprovar o negócio


Em dezembro pp. a CEF, através de seu braço financeiro CaixaPar, pagou R$ 739,2 milhões por 49% do controle acionário do PanAmericano. O negócio foi fechado após passar por várias auditorias internas e externas. A aprovação só ocorreu oito meses depois (julho pp.).

Aprovada, em agosto o PanAmericano enviou ao BC toda a documentação, inclusive nomes da diretoria, para a conclusão do negócio, mas a autoridade monetária só aprovou o novo comando do banco agora em novembro, um dia após o banco receber a ajuda de R$ 2,5 bi.

Blog do Zé Dirceu

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