sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Lula defende Mercosul como fator de justiça social entre os povos


Reunido nesta quinta-feira (16) em Foz do Iguaçu (PR) com representantes de movimentos diversos presentes ao encerramento da 10ª Cúpula Social do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que a união entre os países da região deve ir além de questões econômicas. As conquistas tidas até hoje “só foram possíveis pelo clima de entendimento e de verdadeira fraternidade. Sabemos da importância da solidariedade e da justiça social, que devem ser a porta de entrada de nossos povos".
Ocupante da presidência rotativa do bloco, Lula defendeu o caráter social do Mercosul como fator de consolidação da paz na região. “O projeto de integração regional não pode se apoiar só nos bons resultados econômicos, que sempre estão sujeitos a oscilações. Para adquirir consistência, deve se apoiar em valores e aspirações comuns". Disse ainda que o Mercosul deve ser de todos e convidou os movimentos sociais a "provocarem uma revolução na mentalidade dos cidadãos".

Admitindo que houve também problemas no Mercosul, Lula enfatizou que ao analisar o bloco é preciso “não perder de vista o que já conquistamos e não foi pouca coisa". Depois, afirmou estar certo de que "ninguém sente saudades do comércio lá de trás" e que, há dez anos, os presidentes da região só disputavam quem ia passar o fim de semana em Camp David (casa de campo dos presidentes norte-americanos), salientando que o ambiente hoje na região é o melhor possível. "Temos uma relação invejável", comemorou.

Amplamente aplaudido, Lula disse que muitos tiveram “coragem de levantar a voz contra a Alca”, muitos “gritavam que a gente não podia se subordinar a uma acordo de livre comércio com os EUA”. O resultado do contraponto da política de integração soberana dos países é, segundo presidente, ter conseguido “fazer do Mercosul um centro de desenvolvimento extraordinário".

O presidente destacou ainda a situação econômica e política privilegiada do bloco, citando estimativas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) de que as taxas de crescimento na América do Sul devem variar de 7,7%, para o Brasil, até 9,7%, para o Paraguai. Enquanto isso “os países do chamado mundo desenvolvido sofrem com baixo crescimento econômico e índices de desemprego elevados”, lembrou.

Lula afirmou também que o espírito de cooperação deve levar em conta a manutenção da autonomia e da soberania dos movimentos sociais. “(Os movimentos) não podem ser correia de transmissão nem do governo nem dos partidos, mas dos interesses da sociedade civil que vocês tão bem representam", declarou. "Se não fosse o grito de vocês, as passeatas, bandeiras, quem sabe os dirigentes iam esquecer que vocês existiam".

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