sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Lula faz emocionada despedida do cenário internacional na cúpula do Mercosul



Os presidentes do Mercosul se despediram de forma emocionada nesta sexta-feira do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou de sua última grande reunião internacional, ao mesmo tempo em que pediram a ele que continuasse representando a região quando deixar o poder.

"Esta cúpula é um marco na evolução do Mercosul e tem um significado especial por ser o último compromisso da agenda internacional para mim como presidente", afirmou Lula a seus colegas da região e convidados de países como Austrália, Nova Zelândia, Emirados Árabes e representantes da Autoridade Nacional Palestina.

Lula disse ter vivido muitas alegrias em sua relação com os chefes de Estado, mas nenhuma como a experiência com o Mercosul.

"Em duas décadas, conseguimos fazer do Mercosul um projeto histórico de integração política e social", afirmou.

"Juntos formamos um dos maiores espaços democráticos do mundo", acrescentou.

Lula também comentou a informação divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que o desemprego no Brasil atingiu a taxa de 5,7%, a menor da série histórica iniciada em março de 2002.

"Eu não achava que estaria vivo ao receber uma notícia como essa", comemorou.

Depois do discurso e dos aplausos de pé, todos os presidentes dos países membros do bloco - Argentina, Paraguai, Uruguai-, dos Estados associados - Chile e Bolívia -, e representantes da Venezuela (em processo de adesão) homenagearam o anfitrião da cúpula.

O boliviano Evo Morales, o mais efusivo em suas palavras, disse que Lula "merece ser secretário-geral das Nações Unidas". "Ele deve ser o candidato da América a secretário-geral das Nações Unidas", insistiu.

Lula descartou em várias ocasiões buscar este cargo que, segundo ele, é para burocratas.

Morales também expressou sua ′inveja` pela popularidade de Lula, que tem 87% da aprovação em sua gestão a duas semanas de entregar o poder a Dilma Rousseff.

"Quem não gostaria de ter essa popularidade", perguntou.

A argentina Cristina Kirchner, por sua vez, disse que a reunião era um apenas "até breve, Lula", e o paraguaio Fernando Lugo expressou sua "gratidão e respeito em relação a um grande estadista".

O uruguaio José Mujica disse que Lula tem ainda muito a fazer.

"Sem título, é nosso embaixador plenipotenciário no concerto esse mundo. Estas coisas não são designadas, a vida as cria", afirmou. Mais tarde, Mujica fez um gesto apresentando Lula a seus colegas como "o Senhor Mercosul".

Já o presidente chileno Sebastián Piñera recordou a despedida do rei do futebol Pelé no Maracanã e se empolgou: "Fica Lula! Fica!".

Piñera recordou uma citação do dramaturgo alemão Bertolt Brecht sobre homens "que lutam toda a vida, esses são imprescindíveis. Hoje podemos dizer, sem dúvidas, que Lula é um desses homens imprescindíveis para a América Latina e para o mundo".

Ao término do evento, Lula transferiu a presidência pro tempore do bloco para Lugo, o convidou para sua cadeira e, entre risos, pegou para si o letreiro com a palavra "Brasil" e a pequena bandeira de seu país que, como cada presidente, tinha a seu lado.

Ao ceder seu lugar a Lugo, deu um sonoro beijo na cabeça do presidente paraguaio.

A primeira participação de Lula nas cúpulas presidenciais do Mercosul foi em 18 de junho de 2003, em Assunção, e já em seu primeiro discurso fez um apelo a seus pares da região para que consolidar "o Mercosul que os povos querem, com uma dimensão mais humana".

O presidente entregará o poder em primeiro de janeiro a Rousseff, sua candidata eleita no segundo turno de novembro.

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