domingo, 30 de janeiro de 2011

Mubarak e camarilha perto do fim


A tirania do presidente do Egito, Hosni Mubarack, e de sua camarilha, está no fim. Os povos árabes - particularmente sua juventude - acordaram e foram às ruas. Da Tunísia, duas semanas atrás, o rastilho de pólvora da insurreição popular alastrou-se pelo Egito, Iêmen, Jordânia, Argélia, Marrocos, Arábia Saudita...

No Cairo, o que assistimos ontem, foi uma revolta popular tão extensa e forte que o povo se misturou com os tanques. Acompanhei atentamente, aguardei, mas não vi uma condenação internacional dessa violência sem precedentes - lançar tanques contra o povo. Mas, lembrei-me das cenas dos tanques soviéticos invadindo Praga em 1968. Uma intervenção amplamente condenada pela mídia ocidental.


No Egito o povo não se intimidou

Enfrentou as tropas militares e policiais, não saiu das ruas e incendiou os símbolos do regime ditatorial exigindo a renúncia do ditador egípcio e o fim do domínio de sua família - seu filho, Gamal, já havia sido escolhido pelo pai como sucessor - sobre essa imensa nação e grande civilização.

As reinvidicações são claras e a renúncia do gabinete (de Mubarak) e a promessa de reformas não vão deter a luta pelos objetivos buscados pela ampla frente espontânea que reúne toda oposição nesse momento. Ela pede o fim do estado de emergência vigente desde 1981; a renúncia de Hosni Mubarak; convocação de eleições livres para o Parlamento depois da dissolução do atual; uma ampla reforma eleitoral; uma Assembléia Nacional Constituinte; e novas eleições presidenciais.

Como se vê uma agenda necessária, ampla e unitária, para por fim ao regime e não apenas reformá-lo, como pretendem os Estados Unidos. Eles financiaram sua existência e dão uma ajuda de US$ 1,5 bi por ano - US$ 45 bi nos últimos 30 anos - para manter exatamente as forças armadas e policiais que oprimem o povo egípcio e que ontem saíram às ruas obedecendo às ordens do ditador.

Chegou a hora dos regimes ditatoriais árabes!

Espero que essa imensa rebeldia popular não se esgote apenas na derrubada dos ditadores, mas que inicie uma época de mudanças em todos os países daquela região - começando pela feudal Arábia Saudita - e que realize amplas reformas econômicas e sociais para além da democracia.

Nossa torcida só pode ser para que estas rebeldias populares ponham um fim às ditaduras familiares e monárquicas, ao controle por pequenas minorias das riquezas do petróleo e possibilitem, inclusive, uma saída para a questão Palestina - que deve e precisa ser apoiada - e um reencontro entre os povos árabes.

Blog do Zé Dirceu

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