quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Voltamos aos juros altíssimos. E o mercado já avisa: quer mais


Na 1ª reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC) no ano, no governo Dilma Rousseff e na presidência Alexandre Tombini na instituição, de novo subimos a taxa Selic, agora em 0,50% de uma vez e ela vai para 11,25%.

Mas o mercado não se contenta. Longe disso, quer mais. Trabalha para que a Selic esteja em 12,25% até o final do ano, uma taxa de mais 3,50% acima dos 8,75% anteriores a que chegamos no período de redução dos juros.

Esta elevação dos juros agora, na prática anula todas as medidas que o governo tomou com relação ao câmbio. Mais do que anula, tem efeito pior, estimula a valorização cambial e o desequilíbrio fiscal, já que o custo do serviço da dívida interna sobe acompanhando as altas da Selic.

Pergunta que não cala: até quando essa política monetária?

Então a pergunta que nos persegue, a todos nós cidadãos, e perseguirá nos próximos meses é: até quando vamos insistir nessa política monetária? Até quando vamos continuar sendo um dos países do mundo com o câmbio mais valorizado, os juros mais altos e pior a inflação mais alta?

É a situação em que nos encontramos se tomarmos como referência países como a China, Índia, África do Sul e Turquia, que podem ser comparados com o Brasil numa avaliação das políticas cambial, de juros e de inflação.

Agora vamos cortar gastos e arrochar o orçamento/2011 - é o que o mercado, rentistas e especuladores vão continuar cobrando fortemente. Tudo para reduzir a inflação para 4,5%, quando com ela neste nível atual nós estamos dentro da meta e da banda de 2,5% (para cima ou para baixo).

E pensar que a banda foi fixada exatamente para situações como a que estamos vivendo, quando somos vitimas de uma guerra cambial e comercial e de uma conjuntura internacional totalmente adversa e nova!

Já vivemos essa ortodoxia econômica e não deu certo

O que a conjuntura exige, o melhor para a economia do país, não é alta de juros e sim novas idéias e novos instrumentos de política monetária, fiscal e cambial.

Precisamos é de decisões políticas e estratégicas e não de medidas ortodoxas e velhas como estas adotadas - mais juros e menos crédito, menor investimento orçamentário, mais gastos com compra de dólares e com o serviço da dívida...

Esta velha ortodoxia nós conhecemos. Ela é simplesmente um circulo vicioso que não tem resolvido o nosso problema central: o câmbio continua se valorizando e a inflação continua nos pressionando. O que, aliás, deveria e precisa ser visto como normal e natural, não apenas pelo crescimento de nossa economia depois de décadas de estagnação mas, também, pela adversa situação econômica internacional.

Blog do Zé Dirceu

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