sábado, 12 de fevereiro de 2011

Mubarak renuncia e some do Cairo


A renúncia nesta manhã do ditador do Egito, Hosni Mubarak e sua fuga do Cairo - ele está em local ignorado, mas há informações de que se encontra, ainda, no balneário de Sharm el-Sheikh, no mar Vermelho - provocadas pela rebelião popular desencadeada há 18 dias no país, transformaram em uma grande festa as manifestações que os egípcios realizam hoje na Praça Tahrir, no Centro do Cairo e nas ruas e praças de outras cidades do país.

Os egípcios têm, realmente, todas as razões para festejar porque suas manifestações de protesto contra altas taxas de desemprego, pobreza, censura, abusos do regime ditatorial e, sobretudo, por reformas políticas e econômicas, converteram-se numa verdadeira revolução. Esta apeou do poder uma ditadura de 30 anos bancada pelas Forças Armadas, sustentadas por US$ 1,5 bi por ano (US$ 45 bi nos últimos 30) enviado pelos Estados Unidos.

Importante termos presente isto: apesar do despiste na mídia, que não gosta nem de usar o termo, o que ocorreu no Egito foi uma rebelião popular, uma revolução. Não foram pura e simplesmente atos de protestos da oposição ou de movimentos sociais e organizações, mas uma revolução popular.

Insurreições

Como prevíamos, as manifestações populares cresceram e tornaram-se permanentes - o povo não arredava pé de sua resistência nas ruas e praças nem nas madrugadas desses 18 dias. Toda a classe média e profissional aderiu e os protestos transformaram-se em muitas cidades em verdadeiras insurreições, com a população queimando e destruindo todos os símbolos do regime ditatorial.

Mesmo com Mubarak e sua camarilha manobrando - o presidente afirmou ontem em rede de TV que não renunciaria - era visível que os dias do regime estavam contados. A renúncia do ex-ditador confirma a propagação da crise política no mundo árabe. A do Egito é a segunda ditadura a ruir na região em menos de um mês.

No dia 14 de janeiro pp., outra rebelião popular derrubou e levou a abandonar o país o ditador da Tunísia Zine el Abidine Ben Ali, no poder há mais de duas décadas. Desde então o movimento só se alastra pelos outros países da região, provocando manifestações, protestos, quedas e substituições de integrantes de governos na Argélia, Iemen, Jordânia e Mauritânia.

Segunda ditadura a cair em menos de um mês

Com a queda e fuga de Mubarak, o que está em jogo agora (e nas próximas horas) é a natureza e as dimensões da ruptura política no país e quem comandará efetivamente a transição para a democracia. O Egito e seu entorno (Oriente Médio) são áreas que concentram alguns dos principais interesses econômicos e estratégicos dos Estados Unidos e demais potências ocidentais.

A incógnita hoje é saber e dimensionar o grau de mudanças e de reformas pelas quais passará o país, se elas serão só políticas, ou se trarão um novo governo reformista, como exige a maioria do povo egípcio.

Blog do Zé Dirceu

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