terça-feira, 31 de maio de 2011

Muitas faces - Juiz de Fora 161 anos


Por Paulo Cesar Magela

O Calçadão da Rua Halfeld é o principal ponto de encontro da cidade. Já foi palco de diversas manifestações numa clara constatação de espaço democrático. É também um local de reafirmação de relações, onde se conversa - especialmente sobre política - e se faz questionamento. É ímpar numa cidade que chega hoje aos 161 anos. Mas Juiz de Fora, como Minas, também são muitas. Com o perfil de município-polo, acolhendo demandas de toda a região e até de outros estados, com uma qualidade de vida acima da média nacional, conserva ainda o lado lúdico das pequenas comunidades. Se no Calçadão as pessoas se conhecem, na periferia há um novo ritmo de vida, onde o tempo passa mais lento - um paradoxo na era do frenesi da internet - e as relações são pessoalmente próximas, ao contrário da rede, onde todos conversam, mas não há afetividade.

Na edição de hoje, a Tribuna comemora o aniversário de Juiz de Fora mostrando esse novo rosto, que se revela em pessoas que mantêm uma cultura distinta das metrópoles, embora não rejeitem a modernidade. É apenas um estilo que afasta o estresse, como conversar com os amigos acomodados em cadeiras na calçada, cuidar de animais ou de plantações, ou ainda aproveitar o sol da manhã.

É possível, mesmo hoje, fazer essa conciliação, o que dá à cidade uma vantagem sobre os demais municípios de seu porte. Sem abrir mão do futuro e nem se prender só ao passado, faz-se uma passagem no tempo em que não há traumas nem saudosismo. Apenas se vive, como os josés e as marias e tantos outros anônimos que ainda conservam os laços de amizade e o estilo de vida que a modernidade tardia vem roubando.

Com pouco mais de 500 mil habitantes, Juiz de Fora ainda é um lugar, como poucos, bom de se viver. As condições econômicas do país, é certo, ajudaram. O mercado de trabalho já acolhe as gerações na própria terra sem a angústia da busca pelo emprego em outros centros. É fato que ainda há muito por fazer para importar as qualidades e rejeitar as mazelas das grandes cidades, como violência, trânsito e filas, mas, mesmo assim, é possível, sem erro, comemorar, como fazem a propósito os leitores convidados a explicitar suas impressões nos 140 caracteres do Twitter.

Tribuna de Minas

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