domingo, 24 de julho de 2011

O itinerário neopopulista de Aécio Neves: uma vertente para o fascismo?

O senador Aécio Neves assina artigos, todas as segundas-feiras, no jornal Folha de São Paulo. O site do Bloco Minas Sem Censura irá comentá-los. E com eles polemizar, quando for o caso.

Começamos pelo publicado no dia 18 de julho. Como sempre, os textos que Aécio assina são repletos de platitudes e insinuações moralizantes. Essas, por sinal, bem leves, pois sabe ele que as mesmas podem suscitar lembranças sobre suas estripulias público-privadas, que desnudam o uso da máquina pública para seu projeto pessoal de poder.

O que desponta no citado artigo são duas coisas que ele tem reiterado, ao logo de sua carreira recente: a crítica “à ortodoxia dos ritos partidários e da política formal” e a desqualificação dos sindicatos e movimentos sociais cuja legitimidade, segundo Aécio, teria sido perdida, em face de seu “aparelhamento”, deixando de ser essas instituições, “instrumentos catalisadores das mudanças”.

Personalidade gelatinosa, plástica e moldável às circunstâncias, Aécio atribui suas críticas a um sujeito eclético, plural e indeterminado: “as redes sociais”. Evitando assim, reivindicar para si, a enésima desqualificação de partidos, sindicatos e movimentos.

Óbvio que essas instituições passam por diferentes níveis de problematizações e críticas. Justas ou não. Porém, questionamentos injustos normalmente vem daqueles que não conseguem espaço político ali. Na crise da Ditadura Militar também foram feitas denúncias de aparelhamento. Para perpetrar o próprio golpe de 1964, esse foi o bordão. E assim por diante.

É bom lembrar também que existem sindicatos e movimentos patronais. Além de entidades sindicais de trabalhadores hegemonizadas por diretorias pelegas. Em Minas Gerais, nos últimos oito anos, instâncias com esses perfis estiveram junto a Aécio Neves e ao seu projeto pessoal de poder. E ele nunca discutiu o nível de aparelhamento das mesmas.

Ao reiterar sua adesão “à política”, como meio de transformação social, desincumbir-se de qualificar partidos, sindicatos e movimentos, e fazer apologia das ecléticas redes sociais, Aécio acentua os traços de seu caminhar: o líder desgarrado de programas, estatutos, normas dos partidos, movimentos sociais e sindicais.

Bem coerente à atitude de quem, nos últimos anos, enxergou seu partido como um empecilho às suas próprias pretensões e tratou com truculência as instâncias que não se apequenavam sob seu projeto.

A pretensão populista da pós-modernidade agora quer se valer de uma suposta inorganicidade das manifestações virtuais pelas redes, para indicar um “novo” caminho de construção da legitimidade política. Ainda bem que ele se engana no diagnóstico e em suas consequências. Política sem partidos, movimentos e entidades (de esquerda, de direita ou de “centro”), baseada apenas numa suposta fluidez das “redes” é mais uma vertente para o fascismo!


Minas Sem Censura


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