sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Após 1,7 mil mortos, EUA e potências reagem contra Assad


Após levar em banho maria por quase seis meses a crise síria, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu pela primeira vez, a saída imediata do presidente Bashar Al Assad do poder. As potências européias, como sempre, engrossaram o coro e também pediram a renúncia do chefe do governo.

As manifestações de protesto contra Assad, parte das rebeliões populares que conflagram o Oriente Médio, começaram em março e têm sido brutalmente reprimidas pelo governo sírio. Pelos cálculos de organizações humanitárias presentes no país, já morreu cerca de 1,7 mil pessoas e milhares foram detidas desde março.

Indiferente a isso, Washington manteve até agora sua política de dois pesos e duas medidas na região - uma política que se constitui em neutralidade para os países aliados, e em beligerância para os que ameaçam seus interesses econômicos, sua hegemonia na área.

Palco de crimes contra a humanidade, só agora reconhecido

Agora, porém, "pelo bem do povo sírio", Obama pede explicitamente a renúncia de Assad e adota uma série de sanções contra o ditador, como a suspensão da compra de petróleo e derivados sírios, e o congelamento dos bens das empresas petrolíferas estatais sírias nos EUA. As declarações foram feitas no mesmo dia em que a ONU denunciou a Síria como um palco de crimes contra a humanidade e anunciou uma missão humanitária para avaliar a situação no país.

A União Européia (UE), também, despertou do seu sono profundo. Segundo sua chanceler, Catherine Ashton, o bloco "notou a completa falta de legitimidade do líder [Assad] aos olhos do povo sírio e a necessidade de que ele renuncie". Reino Unido e França, inclusive, anunciaram um novo projeto de resolução no Conselho de Segurança da ONU para conter a violência contra a população civil no país.

Repito, sempre os dois pesos e duas medidas que só escancaram os interesses norte-americanos na região. O Oriente conta hoje com apenas duas potências - Irã e Turquia - além de Israel. É óbvio que nenhuma questão humanitária ou de direitos humanos comoveu a diplomacia norte-americana até agora. Mas, mudaram, no momento em que vêem em risco seus interesses econômicos e geopolíticos camuflados no discurso humanista de Obama.

O fato é que a política de sanções, bloqueios e intervenção armada, ainda que via ONU, deve ter legalidade e princípios, caso contrário, será como tem sido em outros países, apenas uma arma nas mãos dos interesses dos EUA e da Europa. No caso da Líbia, por exemplo, também levantaram desculpas parecidas para atacar, destruir e agora controlar o petróleo do país. Já no caso da Síria... Antes tarde do que nunca...

Blog do Zé Dirceu

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