quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Governo tucano cede e professores mineiros suspendem greve

Após 112 dias em greve, os professores da rede pública estadual de Minas Gerais decidiram no final da noite desta terça-feira (27) suspender a paralisação. Reunidos no pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte, os professores aceitaram a proposta do governo estadual para a criação de uma comissão — formada de trabalhadores da educação, representantes do governo e deputados estaduais.

Em entrevista ao Portal Vermelho, o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) de Minas Gerais e presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas), Gilson Reis, os saldos econômicos da greve ainda serão discutidos. “Os resultados da greve ainda não são mensurados, já que não se chegou a uma proposta definitiva. A luta aqui era pelo piso salarial nacional e pelo plano de carreira — e isso ainda está definido. Esperamos que o governo de Minas inicie de forma séria uma negociação”.

Durante os quase quatro de meses de paralisação, a imagem do tucanato mineiro foi gravemente manchada. A greve dos professores — que recebeu a adesão de milhares de trabalhadores na capital e em todo o estado — é resultado de nove anos da política educacional do PSDB à frente do governo de Minas Gerais. “Ela expressa uma insatisfação com uma política que vem precarizando as condições de trabalho nas escolas públicas do estado. Isso deixa marcas também na imagem do senador Aécio Neves — que é o mentor do atual governador”, disse Gilson.

Ele afirmou ainda que, durante a paralisação, o governo do estado assumiu uma postura intransigente e truculenta diante dos trabalhadores. “O governo de Minas, de forma intransigente não negociou. Na verdade ele foi omisso — desconsiderando a greve e pressupondo que ela não teria fôlego. Até que a greve começou a incomodar. Ao invés de buscar a negociação, o governo começou a tentar reprimir o movimento, utilizando todos os canais da estrutura jurídica e política — Ministério Público e Assembleia Legislativa — para tentar derrotar a greve”.

O movimento ganhou destaque no noticiário nacional nos últimos dias pelo longo período de resistência dos trabalhadores — que apesar de mais de 100 dias de paralisação mantiveram a unidade —, e depois que os educadores Abdon Geraldo Guimarães e Marilda de Abreu Araújo entraram em greve de fome por tempo indeterminado, no hall de entrada da Assembleia mineira. “Nos últimos dias o governo viu a greve ganhar uma grande dimensão política. O governo de Minas e o atual governador do estado Antônio Anastasia foram muito desgastados com essa greve em função da atitude de não negociar e de reprimir o movimento”, ressaltou o presidente da CTB-MG.

Ainda de acordo com Gilson, a população manteve uma posição de apoio aos professores e de luta pela educação — o que fortaleceu ainda mais o movimento. “Foi uma greve combativa e firme — que demonstrou a insatisfação profunda dos educadores do estado com a política de Aécio Neves e de Anastasia para a Educação”.

Negociações

A comissão deve iniciar as negociações nesta quinta-feira (29). Além da questão salarial e do plano de cargos e carreira, ela deverá debater os pagamentos referentes ao mês de agosto, já que participando da greve, os professores não teriam direito a receber salário.


Outra incumbência da comissão é analisar uma espécie de "anistia", já que a categoria pleiteia que o tempo de paralisação, que começou no dia 8 de junho, não seja levado em conta no momento de progressão da carreira. A reposição das aulas também será analisada. “A intenção dos trabalhadores caso o governo faça o pagamento é discutir o ano letivo”, afirmou Gilson.

No dia 8 de outubro o comando de greve vai se reunir novamente para avaliar o desenrolar das negociações com o governo estadual.


Da redação,
Mariana Viel
Portal Vermelho

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