terça-feira, 25 de outubro de 2011

Artigo ensina como botar panos quentes na real briga da oposição

Quem lê o artigo "Eleição e os nem-nem" do jornalista Vinicius Torres Freire, publicado na Economia (caderno Dinheiro), da Folha de S.Paulo hoje, pode até se confundir com o que acontece de fato na vida política do país.

Primeiro porque o articulista esconde que por trás das divisões da oposição e da criação do PSD não estão apenas divergências sobre como enfrentar o PT e os presidentes Dilma Rousseff e Lula. Está, sim - e principalmente - a disputa dentro do PSDB pelo futuro da legenda entre dois grão-tucanos, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-presidenciável José Serra, duas vezes derrotado na disputa pelo Palácio do Planalto (2002 e 2010), numa briga em que ambos querem ser candidato a presidente em 2014.

Minimizar isto e superdimensionar outra interpretação para a divisão na oposição e o surgimento do PSD, como faz o jornalista na Folha, é viajar em outra galáxia.

Segundo porque José Serra está por trás da criação do PSD e do ataque frontal que o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP) fez à dupla FHC-Aécio. A dupla foi criticada pela política de conciliação que, na visão deles, ensaiou com a presidenta Dilma nas semanas da chamada "faxina" (demissões de ministros) que a mídia buscava impor como agenda para o país e para o governo.

Não falam, nem escrevem sobre os reais motivos da crise no PSDB

Jornalistas, oposição e os pivôs da crise e divisões no PSDB e cia agem como se nos governos tucanos (governam sete Estados) e do DEM (governa um) não estivessem ocorrendo os mesmos episódios de corrupção na máquina administrativa. Da mesma forma que não entenderão - fingem não entender - porque o PT cresce na preferência popular e o governo e a presidenta da República são tão bem avaliados.

Tampouco entenderão (ou fingirão que não entendem) porque o ex-presidente Lula, depois de um ano fora do governo, oscilando num jogo em que ora é totalmente desconsiderado pela mídia (particularmente pela TV), ora é frontalmente atacado, continua popular como nunca e com seu governo avaliado como nenhum outro na história do país.

Nesse seu artigo, o jornalista Vinicius Torres Freire vende a imagem de um Brasil anêmico quando a realidade é outra. Ele quer transformar as denúncias de corrupção no principal problema do país e se queixa que só uma minoria o acompanha - a ele e a toda mídia praticamente, já que também ela elegeu essas denúncias como se fossem a principal agenda e questão do país.

Em nenhum momento de seu artigo, Vinicius explica a divisão e a queda da oposição na preferência popular, porque ele se recusa a aceitar os acertos do governo e de seus programas e decisões. Particularmente, em matéria de politica econômica, já que a inflação está caindo e a economia, apesar da desaceleração, vai crescer e criar empregos. Está aí a explicação para a aprovação da presidenta e do governo.

Agenda farsesca que não colou, é um dos principais erros da oposição

Para concluir o jornalista fala de um desgaste do PT e do crescimento do PSB-PSD, que pode ser tudo - inclusive, desejo dele - mas, ainda precisa ser comprovado com pesquisas e na abertura das urnas em 2012. Hoje isso é mero chute ou, repito, desejo de quem escreve.

A oposição vai mal e está dividida porque perdeu três eleições nacionais sucessivas (2002-2006-2010) e ninguém nela consegue encontrar o caminho do acerto nas urnas, a rota que a leve a alguma vitória eleitoral. Já o governo vai bem. E o PT idem, porque é o partido dos presidentes da República, dirige a coalizão de governo e construiu a aliança vitoriosa que comanda o país.

Talvez fosse o caso de Vinicius - dele e dos oposicionistas - se perguntarem se o erro não está na aceitação, pela oposição, da agenda farsesca do denuncismo, que a mídia quer impor ao país, como se o Brasil não estivesse crescendo e melhorando, e o governo não estivesse no comando das mudanças e reformas que a maioria da sociedade quer.

A propósito de denuncismo, oposição e ruas, eu gostaria que vocês lessem, também na Folha de S.Paulo, o artigo A caprichosa rua do povo em que mestre Cândido Mendes, entre outras assertivas, afirma que o fato de as manifestações contra a corrupção terem descambado para campanha pela extinção do voto obrigatório é uma prova do "quanto incomoda hoje ao velho Brasil o povo de Lula".

Blog do Zé Dirceu

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