quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Adriano Diogo: Comissão da Verdade de São Paulo vai priorizar os mortos e desaparecidos

por Conceição Lemes

Será realizada na próxima quinta-feira, 1 de março, às 19h, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo a abertura solene da Comissão Estadual da Verdade, que, em homenagem ao ex-deputado Rubens Paiva, terá o seu nome.

A instalação oficial foi nessa terça-fera, 28 de fevereiro. O deputado estadual Adriano Diogo (PT) foi escolhido como presidente. São também seus membros efetivos os deputados estaduais Marco Zerbini (PSDB), André Soares (DEM), Ed Thomas (PSB), Ulysses Tassinari (PV). Os substitutos são João Paulo Rillo (PT), Mauro Bragato (PSDB), Estevam Galvão (DEM), Orlando Bolçone (PSB), Regina Gonçalves (PV).

“A Comissão Estadual da Verdade deve colaborar com a Comissão Nacional da Verdade na apuração de violações graves dos Direitos Humanos, durante a ditadura militar, que vigorou de 1964 a 1982″, esclarece o deputado Adriano Diogo. “Ela vai se ater aos crimes políticos ocorridos no Estado estado de São Paulo ou praticadas por agentes públicos estaduais.”

A comissão foi criada pelo projeto de resolução nº 36/2011, de autoria de Adriano Diogo, que nos deu mais detalhes da proposta.

Viomundo — Por que criar uma Comissão Estadual da Verdade?

Adriano Diogo – É para conscientizar a sociedade sobre a importância da abertura dos arquivos da ditadura e contar os fatos daquela época do jeito como aconteceram, incorporando a história do movimento popular de 1964 a 1982. Temos a responsabilidade enorme de abrir os arquivos oficiais que estão com os militares e a polícia.

Viomundo – Como vai funcionar?

Adriano Diogo – Será uma referência e uma subcomissão da Comissão Nacional da Verdade. Ela é constituída de cinco deputados estaduais efetivos, mas se associará a universidades, sindicatos, câmaras municipais, para criar, assim, uma rede de informações sobre o período da ditadura.

Viomundo — Qual a prioridade?

Adriano Diogo – Pretendemos priorizar todos os casos de mortos e desaparecidos, identificando onde estão e a situação que desapareceram. Inicialmente coletaremos os documentos já existentes nos depoimentos. Depois, iremos atrás dos documentos oficiais até hoje não disponibilizados. Queremos gerar resultados efetivos, para que o Estado brasileiro possa punir os crimes.

Viomundo — Não receia que os trabalhos possam ser interditados por outros membros da comissão?

Adriano Diogo -- Nós vivemos sendo interditados. Precisamos saber como nos livrar dessas barreiras. Precisamos saber quais são os limites da democracia e avançar, pois essa democracia representativa é muito limitada. Temos que ampliar nossos limites.

Viomundo — Qual a duração da comissão?

Adriano Diogo – Pelo menos dois anos, podendo se estender até o termino da Comissão Nacional da Verdade.

8) Por que a comissão terá o nome de Rubens Paiva?

Adriano Diogo — Rubens Paiva era um parlamentar democrata da resistência de São Paulo, que foi assassinado pela ditadura e até hoje seus familiares não conseguiram enterrá-lo, pois deram sumiço no seu corpo. É um ícone da luta pela democracia no Brasil.

Rubens Paiva, desaparecido desde 1971. Vídeo de Vladimir Sacchetta


Viomundo

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