sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Câmbio: ser ou não ser?

ImageCâmbio: ser ou não ser? Que dilema...



Ontem o Guido Mantega avisou: o Brasil "não permitirá a apreciação excessiva do real". Na medida em que as cotações batiam em R$ 1,69, o Banco Central fez duas compras: uma no mercado futuro e outra no mercado à vista. Resultado: a moeda americana fechou o dia 0,29% mais cara, a R$ 1,711.


Para o bem ou para o mal, a apreciação do real está aí e não se dá à toa. Há uma enxurrada de dólares chegando ao país. Só este mês, até sexta-feira, a entrada de dólares no País superou a saída em US$ 6,52 bilhões. Boa parte desses recursos - US$ 4,13 bilhões – chegou ao país pela chamada “conta financeira”. Por meio dela passam as transferências de dólares para o investimento produtivo, compra de ações e transações afins. O restante entrou pelo comércio exterior. As operações ganham escala. Ontem, por exemplo, o Bradesco captou US$ 1 bilhão em emissão de títulos de dívida.Queriam o quê?

Ao diminuir (para valer) os juros, manter as reservas de quase meio trilhão de dólares, garantir o controle da inflação, proporcionar condições para uma dívida interna em queda, além de um crescimento lento – mas, ainda, assim, crescimento - e juros real de 5,5%, queriam o quê? Tudo isso, sem falar na guerra cambial aberta e administrada das economias desenvolvidas.

De duas, uma: ou baixamos os juros, ou deciframos o enigma cambial. Como está, não dá. Não vai acabar bem. A indústria não vai aguentar a concorrência e os importados vão invadir o país e a América do Sul.

É bom lembrar que a recessão e a crise europeia não têm saída no curto prazo. A produção econômica das 17 nações que têm o euro como moeda deve minguar 0,3% em 2012. Já os 27 países da UE não registrarão crescimento este ano. A China continua avançando sobre nosso mercado interno e externo. E os Estados Unidos se preparam para o mesmo. Neste cenário, medidas pontuais e de emergência de defesa comercial são bens-vindas. Mas temos que enfrentar a questão dos juros, sem o que a questão cambial só se agravará.

Blog do Zé Dirceu

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