quinta-feira, 10 de maio de 2012

Anunciada a Comissão da Verdade

 

Os nomes escolhidos para a Comissão da Verdade têm história, mas não tem a experiência necessária para o desafio de prospectar os porões.
Não basta apenas convicção. É preciso uma boa dose de experiência na área para não ser enrolado nas pesquisas. E, com exceção do ex-Procurador Geral Cláudio Fonteles, nenhum dos indicados dispõe dessa experiência.
Por exemplo, anos atrás decidiu-se investigar o cemitério do Araguaia. Técnicos com equipamentos que detetavam corpos, mas apenas em curta distância, foram colocados em áreas imensas, sem nenhuma indicação concreta da localização. O segredo estava com os mateiros da época.
Há mil e um truques para esconder a memória. A Comissão exigia maior experiência e disposição e tempo para investigar.
Da Folha

Dilma anuncia integrantes da Comissão da Verdade


KELLY MATOS
DE BRASÍLIA
A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta quinta-feira (10) os nomes das sete pessoas que vão integrar a Comissão da Verdade.
Os nomes devem ser publicados na edição de amanhã do "Diário Oficial da União" e a cerimônia de posse dos novos integrantes será no próximo dia 16.
Os ex-presidentes José Sarney (PMDB), Fernando Collor (PTB), Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já confirmaram presença na cerimônia.
Farão parte do grupo:
José Carlos Dias
Gilson Dipp (ministro do STJ e do TSE)
Rosa Maria Cardoso da Cunha (amiga e ex-advogada de Dilma)
Cláudio Fonteles
Maria Rita Kehl
José Paulo Cavalcanti Filho
Paulo Sérgio Pinheiro (atual presidente da Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU para a Síria)
Antes do anúncio oficial, Dilma esteve reunida no Palácio do Planalto com os integrantes da comissão e os ministros ligados ao tema.
Ainda hoje, os sete membros indicados serão recepcionados pela presidente em um jantar no Palácio da Alvorada.
A indicação dos integrantes ocorre quase seis meses após a lei que cria a Comissão da Verdade ser sancionada pela presidente Dilma Rousseff.
A Comissão da Verdade vai investigar e narrar violações aos direitos humanos ocorridos entre 1946 e 1988 (que abrange o período do Estado Novo, ditadura do governo de Getúlio Vargas, até a publicação da Constituição Federal).
O grupo apontará, sem poder de punir, responsáveis por mortes, torturas e desaparecimentos na ditadura e vai funcionar por dois anos. Ao final deste prazo, a Comissão deverá elaborar um relatório em que detalhará as circunstâncias das violações investigadas.
MILITARES
Em fevereiro, grupos de militares da reserva reagiram contra a Comissão da Verdade. Em nota, clubes das três Forças Armadas, que representam militares fora da ativa, criticaram a presidente Dilma Rousseff por ela não ter demonstrado "desacordo" em relação a declarações de ministras e do PT sobre a ditadura militar (1964-1985).
A reclamação tratava, entre outros temas, sobre uma declaração da ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), segunda a qual a Comissão da Verdade pode levar à responsabilizações criminais de agentes públicos, a despeito da Lei da Anistia. O texto dos militares, que havia sido publicado na internet, acabou sendo retirado do ar após pressão do governo.
Dias depois, também em nota, 98 militares da reserva reafirmaram os ataques feitos por clubes militares à presidente Dilma e disseram não reconhecer autoridade no ministro da Defesa, Celso Amorim, para proibí-los de expressar opiniões. A nota, intitulada "Eles que Venham. Por Aqui Não Passarão", também atacava a Comissão da Verdade: "[A comissão é um] ato inconsequente de revanchismo explícito e de afronta à Lei da Anistia com o beneplácito, inaceitável, do atual governo", dizia o texto, endossado por, entre outros, 13 generais.


Blog do Luis Nassif

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