terça-feira, 23 de abril de 2013

O oportuno debate sobre Constituinte exclusiva para reforma política

Leio, acompanho e gosto de debater todas as análises e propostas que surgem sobre a reforma política que o país necessita há tantos anos para aperfeiçoar seu sistema político-partidário-institucional. Vejo, hoje, que o senador José Sarney (PMDB-AP), em visita a Porto Alegre, confessou-se cético com o projeto de reforma política.

Ele disse não acreditar que o projeto avance no Congresso. "Sou o mais longevo dos parlamentares do Brasil, tenho ouvido sempre falar de reforma política, mas infelizmente nunca se concretiza", disse durante visita ao governador Tarso Genro (PT), no Palácio Piratini, a sede do governo gaúcho.

"Acho difícil passar (a aprovação no Congresso) porque precisa de uma vontade política conjugada do Congresso, do Poder Executivo, de todos os atores da área política e isso é quase impossível porque todos os que são eleitos com as regras atuais não são desejosos de modificá-las", avaliou o ex-presidente da República, para quem o Brasil conseguiu avançar na área social e na econômica, mas não avançou da mesma maneira e proporções na área política.

Declarações reforçam tese de onstituinte exclusiva para a reforma política


Realmente, o presidente Sarney - já três vezes presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, e ex-presidente da República (1985-1990) - acumula uma experiência de 60 anos na política, 50 dos quais no Parlamento, de onde só saiu quando foi governador do Maranhão no início dos anos 60, e presidente da República.

Longe de mim, portanto, discutir sua experiência e questinar seu ceticismo e visão. Mas, entendo que suas declarações só reforçam a tese da necessidade da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva para o país fazer a reforma política, ou de um plebiscito no qual a população seria consultada sobre alguns dos principais e mais prementes pontos dessas mudanças.

A Constituinte exclusiva e o plebiscito, ou um dos dois, poderiam ser convocados para a eleição do ano que vem, quando os eleitores já elegeriam os deputados constituintes. Ela teria o mérito de aperfeiçoar uma série de mudanças e atualizar leis que vigoram no país há 25 anos, inseridas na Carta elaborada pela Assembleia Nacional Constituinte de 1988, a última constituinte instalada no Brasil.

Além de demonstrarem a necessidade da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva para a reforma, a visão e as declarações do presidente Sarney devem funcionar, também, como alerta ao país para a necessidade de uma ampla mobilização popular para pressionar pela aprovação da reforma, seja dos pontos dela em discussão no Congresso Nacional, seja por uma assembleia exclusiva.  


Blog do Zé Dirceu

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