terça-feira, 22 de outubro de 2013

O Mais Médicos é eleitoreiro? Ah, republicano eram as ambulâncias Serra/Planam…



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23 de outubro de 2013 | 00:05

O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, fez um discurso hoje, muito concreto – veja ao final – mostrando que o programa “Mais Médicos” não tem favoritismos políticos.

Mas a mídia não cansa de associar o programa à sua potencial candidatura ao Governo de São Paulo.

Padilha é Ministro da Saúde e médico.

José Serra é economista e foi Ministro da Saúde.

E, sempre, candidato do PSDB à presidência.

Nunca se lembraram de dizer que a farta distribuição de ambulâncias que fez, entre 2000 e 2002, fosse eleitoreira, embora José Serra as fizesse pessoalmente, reunindo políticos do interior.

O assunto só se tornou notícia muito tempo depois, quando se tornou conhecido o superfaturamento feito pela empresa Planam,  da qual a maior parte dos veículos foi comprada.

Será que distribuir médicos é mais “eleitoreiro” que distribuir ambulâncias que, do ponto de vista da saúde pública, essencialmente preventiva, não fazem senão carregar pacientes para hospitais já superlotados pela falta de assistência primária de saúde ou unidades intermediárias, para tria-los?

Que o Mais Médicos terá repercussão eleitoral é um fato inegável. Como têm repercussão eleitoral o Bolsa-Família ou o Minha Casa Minha Vida  ou o Luz para Todos.

Tudo o que de socialmente relevante um Governo faz tem impacto no voto.
E é natural que faça, porque é para isso – e por isso – que se elege ou reelege um Governo.

O que caracteriza o eleitoreiro é sua superficialidade, seu alcance limitado e clientelista.

E quem ousaria chamar de supérfluo o atendimento de dezenas de milhões de brasileiros que não tem acesso a médico.

Os médicos estrangeiros resolvem os problemas de saúde pública do país?

Não.

Mas nos fazem voltar a ver o que a privatização crescente da medicina – e da ideia de saúde – no Brasil: que a medicina é ativa, que deve ir onde as pessoas estão e que quem depende dos cuidados de um médico é um paciente, não um cliente.

E que, como proclamávamos, com os médicos à frente, nos anos 80, quando se universalizou, com o SUS, o direito – embora não o acesso, necessariamente – à saude. Saúde, dizíamos, é um direito de todos. Inclusive dos milhões de abandonados pelo desinteresse dos médicos brasileiros de atender em determinadas regiões, pobres e distantes das metrópoles.

Esses brasileiros precisam muito, muitíssimo mais, de um médico que vá até eles do que de uma ambulância que os traga, já em estado avançado de doença, para os hospitais e postos de saúde que já não dão conta do que têm de enfrentar.

 
Por: Fernando Brito


Tijolaço

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