quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O dia em que o governo praticou o 'bateu, levou'



Diante do aperto no círculo de críticas, governo e PT começam a executar estratégia de rebater cada uma delas; ministro Guido Mantega respondeu a artigo do ex-presidente do BC Armínio Fraga no jornal Folha de S. Paulo; "Não entregou a meta de inflação", lembrou o chefe da política econômica; em seguida, para não deixar sem comentários afirmação de Marina Silva de que pretende governar "com os bons do PSDB e do PT", presidente Dilma Rousseff retrucou que a escolha correta é pelo "compromisso que a pessoa tem"; indo adiante, Dilma assinalou que "os bons deste País têm compromissos com a distribuição de renda e a inclusão social"; fechando a quinta-feira de 'bateu, levou', presidente de PT mandou para a Justiça Eleitoral vídeo adulterado em que ex-presidente Lula é visto como se apoiasse postulante do PSB; "Fraude", resumiu Rui Falcão; agora vai?

28 de Agosto de 2014 às 22:06




247 – Dois dias depois de a presidente Dilma Rousseff ter sido cercada de críticas à direita e à esquerda, no debate entre candidatos a presidente organizado pela Rede Bandeirantes, o governo parece ter entrado em regime de ordem unida para responder, na mesma moeda, aos ataques da oposição. Ao menos foi o que fizeram nesta quinta-feira 28, diante de três diferentes disparos, a presidente Dilma Rousseff, o ministro Guido Mantega, da Fazenda, e o presidente do PT, Rui Falcão. Sem meias palavras, deixando claro seus alvos mas sem citá-los nominalmente, eles passaram a mensagem de que o tempo das provocações sem resposta pode ter ficado para trás.

Quem tomou a dianteira de enfrentar um dos temas em debate no dia foi Mantega. Para marcar a posição de agora candidato oficial a ministro da Fazenda, após ter seu nome assegurado pelo presidenciável Aécio Neves, do PSDB, o ex-presidente do BC Armínio Fraga publicou duro artigo no jornal Folha de S. Paulo. Destacando que "populismo e mentira são inimigos da democracia", Fraga atribuiu sete "mentiras" econômicas que atribuiu ao PT, partido que "adota uma retórica populista e agressiva para marcar suas posições".

MANTEGA NÃO FEZ QUE NÃO VIU - Em entrevista coletiva a jornalistas em Brasília, ele procurou pelo assunto e avançou na crítica a Fraga, citado de maneira jocosa:

- Tem um candidato aí que era presidente do Banco Central e não entregou a meta de inflação, disse o ministro. Ele não se esquivou da discussão ideológica por detrás do debate sobre a política econômica:

- Estão falando que vão combater a inflação de forma radical e podemos voltar aos juros estratosféricos do passado, que só o setor financeiro leva vantagem, e nada para a produção, continuou. "Impedimos a valorização cambial porque muita gente usou a valorização como âncora para baixar inflação, e nós não fizemos isso, que eu chamo de populismo cambial".

- Até poderão ser bem-sucedidos, mas vão criar recessão, desemprego e a população vai regredir. Tudo isso que a população avançou, corre o risco de ser revertido, é perigoso. É melhor que deixem claro para a população.

BONS PARA QUEM? - Poucas horas depois da rebatida de Mantega, a própria presidente Dilma Rousseff se dirigiu de maneira velada, com críticas, à adversária Marina Silva. De olho em ampliar seu eleitorado, a candidata do PSB disse no debate entre candidatos a presidente organizado pela Rede Bandeirantes, na terça-feira 28, que pretende governar com "os bons do PSDB e do PT".

Diante de trabalhadores rurais reunidos em efento organizado pela Contag, em Brasília, Dilma chamou o assunto para si:

- Achar os bons sem um parâmetro de aferição não está certo, demarcou a presidente. "Para mim, os bons são aqueles que têm compromisso com a distribuição de renda e a inclusão social, assinalou.

REAÇÃO RÁPIDA - A marcação de cada movimento da oposição incluiu também uma ação rápida do comando nacional do PT, que acionou a Justiça Eleitoral e o Ministério Público para investigar a fraude em um vídeo gravado pelo ex-presidente Lula. Ele teve seu pedido formal de votos, feito para o horário eleitoral gratuito, à candidata ao Senado Marina Sant'Anna (PT-GO) transformado, por truque de edição, num apoio a Marina Silva. Até os logotipos da campanha dela foram inseridos no vídeo em que Lula aparece:

- Isso é uma fraude, resumiu Falcão, que fez a acusação em entrevista coletiva na sede nacional do partido, na capital federal. O que poderia ter sido levado como uma piada, o PT encarou, em razão do potencial de risco, como um crime eleitoral.

As três manifestações configuram o início de um novo momento na eleição presidencial. Este em que, frente aos reptos lançados pela oposição, como é típico em qualquer campanha, o governo vai assumir a conhecida postura do 'bateu, levou'. Com isso, a eleição só tende a esquentar em debate e ganhar profundidade na explicitação de ideias e posições. 
 
 
Brasil 247

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