segunda-feira, 23 de março de 2015

DATAFOLHA SOBRE PETROBRAS DEVE CONGELAR PLANO SERRA


Pesquisa que revela como os brasileiros ainda atribuem valor simbólico à Petrobras e rechaçam sua privatização deve colocar em marcha lenta o projeto apresentado pelo senador José Serra (PSDB-SP) na semana passada; no texto, Serra propõe o fim da obrigatoriedade da participação da Petrobras na exploração dos campos do pré-sal, ou seja, com a abertura a empresas internacionais; também na semana passada, a Petrobras anunciou novo recorde no pré-sal, com 737 mil barris/dia, e o atual regime de partilha, que substituiu o modelo de concessões, é um dos pilares do modelo lulista e dilmista para a companhia

22 DE MARÇO DE 2015 ÀS 19:16


247 - A pesquisa Datafolha deste domingo, ainda que publicada com pouco destaque pela Folha de S. Paulo, que a escondeu num pé de página do caderno Mercado, é uma má notícia para o senador José Serra (PSDB-SP). Isso porque a pesquisa revelou que os brasileiros, em sua grande maioria, ainda atribuem valor simbólico à Petrobras e rechaçam sua privatização (leia mais aqui).

Dois dias antes de sua divulgação, na última quinta-feira, Serra apresentou uma polêmica iniciativa: o projeto de lei que revoga obrigatoriedade de a Petrobras participar das licitações de exploração e produção de petróleo da camada pré-sal com uma fatia de pelo menos 30%.

“A Petrobras tem que voltar a crescer e a recuperar sua eficiência. Para isso, é preciso retirar a obrigatoriedade da empresa de estar presente em todos os poços, ser operadora única dos consórcios e assumir os altos custos das operações", disse ele.

Na prática, o Plano Serra para a Petrobras abriria o pré-sal à exploração majoritária por empresas internacionais, como Shell, Exxon e Chevron. Além disso, como o preço do barril está em patamares muito baixos, as concessões, provavelmente, seriam vendidas a preço vil.

Além de abrir o pré-sal, Serra também defendeu a privatização parcial da empresa, com a venda de ativos não estratégicos – entre eles, a própria BR Distribuidora. “A Petrobras tem que se concentrar mais na atividade que é sua razão de existir: prospecção e extração de petróleo. Em qualquer circunstância, mesmo que não tivesse o ‘Petrolão’, estaria em dificuldade”, disse ele. Ao defender o projeto, ele criticou a manutenção, pela empresa, de número excessivo de atividades, como a distribuição de combustíveis no varejo, a produção de fertilizantes e de fios têxteis.

Não bastasse a pesquisa Datafolha, outro fator deve contribuir para colocar em marcha lenta o Plano Serra. Na semana passada, a Petrobras anunciou um novo recorde na produção do pré-sal, com 737 mil barris dia (saiba mais aqui). Uma produção expressiva que é fruto, também, da obrigatoriedade de participação da empresa nos blocos do pré-sal, ainda que de forma não exclusiva – em Libra, por exemplo, ela é sócia da Shell e de duas empresas chinesas.

O regime de partilha é um dos pilares do modelo do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff para o setor de petróleo. Serra, que é um dos potenciais candidatos do PSDB à presidência da República em 2018, deve utilizar um argumento que vem sendo usado por simpatizantes tucanos nas redes sociais: o de que a Petrobras já foi privatizada, em favor do PT. No entanto, o que o Datafolha revela é que o sentimento nacional em torno da companhia ainda é bastante forte. Ou seja: é muito improvável que o Plano Serra saia do lugar.



Brasil 247

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