quarta-feira, 29 de julho de 2015

Como se faz uma potência: o caso Von Braun

QUA, 29/07/2015 - 08:29


Por André Araújo

Ao fim da Segunda Guerra a Alemanha desenvolveu armas novas e altamente destrutivas impulsionadas por foguetes, as bombas voadoras V-1 e V-2. O pai dessas armas foi o Major SS Werner von Braun, cientista e nazista, que desenvolvia projetos bélicos durante toda a Segunda Guerra.

As armas foram produzidas com trabalho escravo de trabalhadores russos e judeus do campo de Mittelbau-Dora. Se Von Brau não despertasse o interesse dos EUA seria julgado culpado no Tribunal Internacional de Crimes de Guerra de Nuremberg, onde TODA a SS foi declarada criminosa, além disso as bombas V-2 foram declaradas crimes de guerra porque matavam civis de forma indiscriminada, destruíram grande parte do centro de Londres matando milhares de civis.

Mas os EUA eram e são uma potencia geopolítica, então sua lógica coloca a justiça em escala mais baixa do que o interesse nacional. O Major SS Von Braun teve seu passado apagado com borracha e resgatado pelo Exército que o enviou em 20 de Setembro de 1945 para os EUA com seus colaboradores e familiares, com ficha limpa, casa, comida e salário. Alguns resmungos de Promotores (sempre eles) foram ignorados. O agora ex-Major SS tornou-se cidadão americano de 1ª classe, naturalizado americano em 1955, foi nomeado Diretor da Agência de Mísseis Balísticos do Exército dos EUA. Von braun foi o pai do Projeto Apolo, que levou o homem a Lua. Von Braun fundou e foi o primeiro Presidente do Instituto Espacial Nacional e ganhou o Prêmio Nacional de Ciencia de 1975.

Na década de 70 Von Braun foi membro do Conselho de Administração da Daimler Benz, fabricante dos automóveis Mercedes Benz. Morreu em 1977, deixando esposa e três filhos, Von Braun teve intensa vida amorosa antes e durante a guerra, com muitas ligações e affairs.

Von Braun foi resgatado e purificado pelos EUA assim como cerca de 12.000 nazistas dentro da Operação Paperclip.

Outro famoso foi o General Reinhard Gehlen, chefe da Inteligencia do Exército alemão no Leste, que trabalhou para a CIA até o fim da vida, como Chefe do Centro de Inteligência para a Europa do Leste em Pullach, perto de Munich.

A lição dessas ações é que o objetivo de INTERESSE NACIONAL é superior à importância de se aplicar justiça a um indivíduo. O INTERESSE NACIONAL supera outros interesses, nessa escala a justiça tem pequeno peso. Interesses econômicos, geopolíticos e militares são mais importantes e, se necessário for, devem ser descartados em benefício do INTERESSE NACIONAL, que diz respeito à sobrevivência do País.

O Brasil evidentemente não tem nenhum interesse em ser potência, escolheu ser um cartório bem xinfrim.


Jornal GGN

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