quarta-feira, 22 de julho de 2015

Como transformar uma boa relação diplomática em corrupção

QUA, 22/07/2015 - 12:28

ATUALIZADO EM 22/07/2015 - 13:10


Ao traduzir os relatórios do WikiLeaks, em que a Odebrecht e o ex-presidente Lula são citados, é possível constatar o real teor das informações


Jornal GGN - Desde que a investigação de seu envolvimento com o esquema de corrupção da Petrobras teve início, a Odebrecht passou a ser alvo das buscas de outros países onde a empresa tem capital. Nos Estados Unidos, a empreiteira chegou a ser monitorada pela diplomacia, em 2007, 2008 e 2009, quando foram apontadas suspeitas de irregularidades em obras da empreiteira no exterior. 

A informação foi divulgada pelo Estado de S. Paulo. De quatro casos usados de relatórios do WikiLeaks como exemplos, em apenas um aparece que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi importante para fechar acordo entre uma empresa angolana e a Odebrecht. Em outro, Lula é mencionado por ter apoiado a campanha de reeleição de Hugo Chavez, em evento de inauguração de obra da companhia na Venezuela. Sem alertar para as especificações, o lead da reportagem relaciona diretamente os possíveis esquemas de corrupção da companhia com uma suposta investida de Lula nas irregularidades.

"Telegramas confidenciais do Departamento de Estado norte-americano revelados pelo grupo WikiLeaks relatam ações da empresa brasileira e suas relações com governantes estrangeiros. Lula é citado em iniciativas para defender os interesses da Odebrecht no exterior", publica o jornal.

Ao abrir o documento intitulado "A Productive Visit By Lula", que em português significa "Uma visita produtiva de Lula", é possível constatar o real teor das informações referentes à Angola.

Trata-se de um relatório da visita do ex-presidente ao país, nos dias 17 e 18 de outubro de 2007. O encontro resultou em sete acordos de assistência técnica, a duplicação para US$ 2,3 bilhões da linha de crédito do Brasil para a Angola e o anúncio de um acordo de negociação para construir uma usina de etanol com a produção de cana. "O ex-presidente aproveitou a visita para agradecer a Angola pelo apoio contínuo nos esforços do Brasil para obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU", publicou o resumo do documento do WikiLeaks.

"Na frente da diplomacia, os dois países acordaram sobre discussões regulares e formais de questões bilaterais e reforço da cooperação entre as duas academias diplomáticas", completa o documento.

No trecho do artigo que cita "biocombustíveis e geração alternativa" está o que o Estadão considerou uma participação de Lula nas irregularidades da Odebrecht. "Apesar de não ser um acordo de governo-governo, a visita de [Lula] Silva ajudou a concluir um acordo entre a brasileira gigante da construção Odebrecht, a estatal petrolífera angolana Sonangal, e Damer, uma empresa angolana até então desconhecida, a construir uma usina de biocombustível na província de Malange. Os planos incluem a construção de uma usina capaz de produzir não apenas etanol para exportação, mas a geração de 140 megawatts de eletricidade por ano através da queima do bagaço. O bagaço e o etanol serão produzidos a partir da cana, uma nova cultura para a região. O projeto deverá gerar 2.000 novos empregos", é a citação.




Jornal GGN

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