terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Percival Farquhar retorna com a Lava Jato, por André Araújo


TER, 23/02/2016 - 19:10


Por André Araújo

PERCIVAL FARQUHAR RETORNA COM A LAVA JATO - O americano Percival Farquhar foi o maior empresário do Brasil na primeira metade do Século XX. Criador junto com Alexander Mackenzie da Light & Power, empresa canadense que trouxe a eletricidade e bondes ao Rio de Janeiro e São Paulo, construtor e concessionário do Porto do Pará, do Porto do Rio Grande, da Cia.de Navegação da Amazônia, da holding das ferrovias brasileiras Brazil Railway, que provocou a Guerra do Contestado em Santa Catarina, do primeiro frigorifico do País em Osasco, da Societé do Gaz de Rio de Janeiro, da San Paulo Gas, da Itabira Iron, que seria depois a Cia.Vale do Rio Doce, da Amazon Land, que tinha como propriedade o Amapá, fundador da Acesita-Cia.de Aços Especiais Itabira, Farquhar tinha um espirito aventureiro, corrompia politicos, morava em uma vasto apartamento no Flamengo, tinha amantes brasileiras, nascido em 1864 em Pittsburgh, de família rica, morreu em 1953. 

Seu império foi abalado pela Grande Guerra de 1914, que fechou os mercados europeus de capitais, Farquhar levantava capital em Paris, Londres, Buxelas, Toronto, também tinha empresas na Rússia e Cuba.

Farquhar criou a estância de luxo do Guarujá onde construiu o primeiro hotel cassino, o Grand Hotel de la Plage. Esse tipo de empresário estrangeiro controlando grandes pedaços da economia nacional tinha acabado e agora volta pelas mãos da Lava Jato que, ao destruir as defesas das empresas nacionais privadas e estatais, abre a porta para novos Farquhar.

A maior malha de gasodutos do País, a Transportadora Associada de Gás, controlada pela Petrobras, está à venda. Vale seis bilhões de dólares e os candidatos a compra são a Brooksfield e o CPP, ambos canadenses. A Brooksfield é o novo nome da antiga Brascan, sucessora da Brazilian Traction, Electric and Power Co.Ltd., de Toronto, criatura de Farquhar, fundada em 1890. O CPP-Canadian Pension Plan, é o fundo de pensão dos funcionários públicos federais do Canadá, com sede em Toronto. O CPP já tem muitos investimentos no Brasil, conhece o País. As cassandras do jornalismo financeiro sempre repetiram que, após o rebaixamento do Brasil, fundos de pensão não poderiam mais investir no Pais. Nada disso. O rebaixamento do rating serve apenas para depreciar os ativos, ficam mais baratos mas os fundos de pensão precisam de taxas de retorno maiores do que 0,25% ao ano que obtém nos EUA e Canadá, o CPP consegue retornos excelentes investindo em países de risco, já tem muito dinheiro no Brasil e quer colocar mais, eles não operam com bancos, tem seus próprios analistas que fazem a análise do risco, não usam agências de rating.

Mas o fim de feira promovido pelo rebaixamento de valor e enfraquecimento da Petrobras e grupos nacionais não fica só na TAG. A Petrobras pensa também em vender sua parte no capital da Braskem, maior petroquímica da América Latina, onde a Petrobras tem 36,1% do capital. A Odebrecht com 38,3% e controla a companhia. Brooksfield e CPP não querem ser minoritários com a Odebrecht, porque está está sob investigações. Só lhes interessa o controle.

Os canadenses tambêm tem interesse na BR Distribuidora, desde que possam comprar o controle. Como a Petrobras está sendo investigada e processada nos EUA, eles não querem se associar à Petrobras, mas se for o controle podem se interessar. Assim fica claro que companhias investigadas e processadas como Petrobras e Odebrecht e todas as demais, perdem valor e se tornam alvos de grupos estrangeiros.

A matéria está em ampla reportagem do jornal VALOR de 12 de fevereiro passado.

Farquhar volta triunfante começando de seu ponto de partida preferido, Toronto. A Lava Jato limpa a área e aplaina o caminho, vastos setores da economia nacional serão transferidos ao estrangeiro, tudo vendido na bacia das almas.


Jornal GGN

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