domingo, 27 de março de 2016

“... quando o dever se ausenta da consciência dos magistrados": Rui Barbosa


DOM, 27/03/2016 - 16:48


por Janduí Tupinambás

Algo bem estranho no ar.

Um presidente do congresso comandando um processo tão importante e, em paralelo, uma ação penal contra o mesmo na corte suprema. Não seria o caso do STF dar total prioridade à esta ação antes que o processo de impeachment se inicie? É normal e aceitável um político com contas comprovadamente ilegais no exterior comandar processo tão importante para a nação? Mesmo não conhecendo nada na esfera do direito, isso é meio que inconcebível para mim.

Os fatos me obrigam a acreditar que o STF está, no mínimo, se omitindo. E no atual contexto, omitir é ser permissivo ao golpe e assistir o Brasil mergulhar de vez em uma crise político-econômica perigosa. 

A mudança de comportamento de Janot e Teori na altura do campeonato soa apenas como correção de rota para se chegar no destino que é golpear de morte a esquerda brasileira até o alvorecer das próximas eleições presidenciais.

Janot e Teori, pelo que parece, já avaliaram com propriedade que não se terá como impedir a posse formal de Lula.

Com isto, a Lava-Jato no âmbito da primeira instância, servirá apenas para tumultuar e dar um apoio logístico (e chantagístico) ao processo de impeachment. O vazamento da planilha da Odebrecht meio que confirma este novo papel de chantagista da Lava-Jato. Mas insisto em afirmar que o impeachment é um blefe. É apenas jogo tático. A estratégia é esculhambar o país ao limite onde uma proposta de governo de direita com apoio dos monopólios de comunicação possa vencer uma proposta de esquerda. A derrocada de Dilma via impeachment formal, não é uma boa para eles. O risco é muito alto e o mundo não aprovaria.

Sendo assim, Moro e sua Vaza-jato entram em uma fase do jogo em que não serão mais protagonistas e sim, meros vassalos que serão descartados com apoio da Rede Globo em momento oportuno, uma vez que a criatura à solta poderia se virar contra o criador.

Resta saber qual será o limite da PGR. Para apresentar denúncia contra Lula, terá que oferecer Aécio aos leões. Se Aécio cai no STF é quase garantido que ele passe a ver o sol nascer quadrado. E quanto a Lula? A pressão midiática será o suficiente para o STF condená-lo por ter comprado um iate de R$4.000,00 ou por possuir um tríplex que não possui, ou por usufruir de bens de amigos? Considerando o que já aprontaram na AP470, tudo é possível.

Percebam quão arriscado é a nova fase do jogo. As chances de Lula não ser impedido de se candidatar novamente são consideráveis. Além das frágeis evidências de crime, existe o componente “povo” que acordou de vez para o golpe que a nação está enfrentando. Mas este monstro talvez não tenha somente uma nem duas cabeças. Talvez três: PIG, PGR e STF. Se este for mesmo o caso, esta aventura pode ultrapassar os limites da irresponsabilidade.

Mas voltando ao agradável mundo do otimismo, Lula não caindo, resta somente a saída via plano B da direita: por fogo no país e torná-lo totalmente ingovernável. Será uma briga dos facínoras inconsequentes da direita contra um governo que tem tudo para ganhar esta briga com a entrada em campo de um jogador de nível técnico diferenciado.


Jornal GGN

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