quarta-feira, 17 de agosto de 2016

DA TRIBUNA, REQUIÃO PEDE DESCULPAS AO URUGUAI PELA TRAPALHADA DE SERRA


O senador Roberto Requião (PMDB-PR), que preside a delegação brasileira no Parlasul, subiu à tribuna para pedir desculpas ao Uruguai pelo comportamento "inadequado e violento" do chanceler interino José Serra, que já comprou brigas com dois países vizinhos: Venezuela e Uruguai; "A grande façanha da chancelaria brasileira foi se atritar com o Uruguai", disse Requião; segundo ele, a política externa, sob Serra, virou "motivo de chacota"; vídeo

17 DE AGOSTO DE 2016 


Paraná 247 – O senador Roberto Requião (PMDB-PR), que preside a delegação brasileira no Parlasul, subiu à tribuna para pedir desculpas ao Uruguai pelo comportamento "inadequado e violento" do chanceler interino José Serra.

"A grande façanha da chancelaria brasileira foi se atritar com o Uruguai", disse Requião. "É uma vergonha absoluta para a chancelaria brasileira", afirma ainda o parlamentar, que diz que a política externa, sob Serra, virou "motivo de chacota".

Assista:


Saiba mais em reportagem abaixo do Opera Mundi:

Uruguai diz que Serra tentou 'comprar voto' do país para evitar que Venezuela assuma Mercosul

Do Opera Mundi

O chanceler uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, disse que o ministro das Relações Exteriores brasileiro, José Serra, tentou “comprar o voto do Uruguai” ao pedir que não transferisse a presidência pró-tempore do Mercosul à Venezuela.

“Não gostamos muito de que Serra tenha vindo visitar o Uruguai para nos dizer — ele fez disso algo público, por isso digo — que vinha com a pretensão de que se suspendesse a transferência [da Presidência do Mercosul] e que, além disso, se nós a suspendêssemos, nos levaria em negociações com outros países, tentando comprar o voto do Uruguai”, disse Novoa durante a Comissão de Assuntos Internacionais de Deputados na última quarta-feira (10/08), cuja declaração transcrita foi publicada pelo jornal local El País, que teve acesso ao documento.

Na visita ao país vizinho no início de julho, Serra esteve acompanhado do ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso para uma reunião com o presidente uruguaio Tabaré Vázquez. Em entrevista coletiva de imprensa, Serra afirmou que o Brasil faria uma “grande ofensiva” comercial na África e no Irã e queria que apenas o Uruguai, entre todos os outros países do Mercosul, participasse como “sócio”. Para tanto, o Uruguai deveria suspender a transferência da Presidência rotativa do bloco, o que a nação cisplatina não fez.

“O presidente o respondeu de maneira clara e contundente: o Uruguai cumprirá com a normativa [do bloco] e vai convocar a mudança da Presidência”, informou Novoa, dizendo que a atitude de Serra “incomodou muito” o presidente Vázquez.

“O Uruguai não iria permanecer na presidência de jeito nenhum; atendendo a norma, em seis meses, deixaríamos o cargo”, afirmou.

O ministro ainda disse que Montevidéu entende que a “Venezuela é o legítimo ocupante da presidência pró-tempore, portanto, quando convocar uma reunião o governo uruguaio irá. Se os outros não forem, a responsabilidade será deles”.

Para ele, Brasil, Paraguai e Argentina — que não reconheceram a Venezuela à frente do bloco — querem “fazer bullying” contra o país. “Eu digo com todas as letras. Eles pulam o jurídico, que contém o corpo normativo [do Mercosul], e, alegando razões que não estão aqui, querem eludir, erodir, fazer bullying contra Presidência da Venezuela. Esta é a pura verdade”, afirmou.

No entanto, o ministro uruguaio ponderou que o impasse pelo cargo do Mercosul “não poderá se repetir em dezembro, quando a Venezuela tenha que passa-lo à Argentina”.

Em resposta, o Itamaraty afirmou por meio de comunicado oficial, que a visita realizada por Serra ao Uruguai visava aprofundar as relações entre os dois países e, assim, o "governo brasileiro recebeu com profundo descontentamento e surpresa as declarações do chanceler Novoa". "O teor das declarações não é compatível com a excelência das relações entre o Brasil e o Uruguai", consta na nota.

O Itamaraty também afirmou que convocou nesta tarde o embaixador uruguaio em Brasília para uma reunião em que o Secretário-Geral das Relações Exteriores brasileiro, Marcos Galvão, expressou "profundo descontetamento com as declarações e solicitou esclarecimentos".

Impasse na Presidência rotativa

Quando Montevidéu anunciou o fim de sua liderança à frente do bloco sul-americano, em 29 de julho, a Venezuela automaticamente assumiu a Presidência, apenas informando as chancelarias dos outros membros e realizando sua cerimônia de posse no dia 5 de agosto.

A atitude incomodou Brasil, Paraguai e Argentina, que não viam o processo como algo automático e alegaram que a nação passa por problemas econômicos e políticos, não cumprindo com os requisitos para liderar.

Em consequência, os três países rejeitaram a Presidência venezuelana e sugeriram um governo coletivo comandado por um conselho de embaixadores. Além disso, o Paraguai pediu uma “revisão jurídica” do protocolo de adesão de Caracas, após afirmar que houve “descumprimento das obrigações contidas nos referidos instrumentos”.

Em resposta, o Uruguai, que defende o direito de a Venezuela assumir, afirmou que “não está prevista em nenhum lugar uma Presidência coletiva”, apesar de reconhecer que o país não cumpriu “compromissos” do Protocolo de Adesão do Mercosul.

A acusação, contudo, foi rechaçada por Caracas, que classificou o pedido paraguaio como uma “manobra falsária e antijurídica” por parte da nação, aliada ao Brasil e a Argentina.

A Venezuela “não só incorporou grande parte do compêndio normativo do Mercosul” como “igualou, e na maioria dos casos superou, os Estados Partes, que, estando desde o início da fundação do Mercosul, não internalizaram todo seu acervo normativo”, disse a chancelaria venezuelana por meio de comunicado divulgado na segunda-feira (15/08).


Brasil 247

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