sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Catálogo de nomes de Cunha pode favorecer sua situação, por Janio de Freitas

SEX, 21/10/2016 - 07:46
ATUALIZADO EM 21/10/2016 - 08:40


Jornal GGN – Em sua coluna desta quinta-feira na Folha, Janio de Freitas aborda dois pontos que se ligam ao golpe político-midiático que vivemos. O primeiro ponto é a prisão de Eduardo Cunha, ex-deputado, cassado e há meses esperando pelo próximo passo da Lava Jato, o que o levaria até Curitiba. Janio entende que a Lava Jato pouco sabe sobre Cunha, que há 26 anos atua no mercado de transações marginais, sendo reconhecido como um duro negociador há muito tempo.

Janio entende que Cunha e seu enorme potencial de delação não tem similar dentro da Lava Jato. Mesmo que parte dos crimes delatados esteja prescrita isso vai ser um norteador de negócios ilegais e parceiros. Segundo ele, criaria uma ventania tóxica que se estenderia até o hemisfério norte. E mesmo que os procuradores e policiais federais se esquivem, pois que tem um único alvo, que é Lula e o PT, o catálogo de casos poderia até ajudar Cunha.

O articulista estranha o fato de Cunha não ter sumido pelo mundo, já que a Lava Jato demorou meses para prendê-lo, sendo óbvio que deveria fazê-lo. E entende que as artimanhas do ex-deputados não demorarão a ser expostas, já que ele é um planejador obsessivo a resposta virá em seguida.

O segundo ponto abordado por Janio é que Luiz Fux aprendeu com Gilmar Mendes e resolveu dar sua opinião publicamente, em caso que está na pauta ainda. Fux entendeu que as irregularidades na campanha da chapa Dilma-Temer podem ser separadas, ou seja, Dilma fica com as irregularidades e Temer com um mandato que não é seu.

Mas Janio faz uma pergunta simples: se a responsabilidade é só de Dilma, como é que na prestação de contas para a Justiça Eleitoral os dois assinaram.

Leia a coluna de Janio de Freitas.

Na Folha


Por Janio de Freitas

A Lava Jato sabe pouco sobre Eduardo Cunha. Há 26 anos no mercado das transações marginais, e reconhecido com justiça como um dos seus mais prolíficos, versáteis e duros operadores no setor público como no privado, não o honra a pequena lista de motivações que Sergio Moro conseguiu para ordenar sua prisão. Sua longa e destacada atividade no mercado é que faz de Eduardo Cunha um caso especial, como mais um preso sujeito à coação da cadeia praticada na Lava Jato.

A quantidade e a variedade de pessoas e casos que o novo preso poderia expor não têm similar na Lava Jato. É provável que parte dos casos esteja prescrita, para efeito judicial, mas continua sugestiva de linhas de negócios ilegais e parceiros. Quem está sujeito a citação não ficou temeroso agora, com a prisão de Cunha. Há meses era antevista a possibilidade da ordem de Moro. Daí duas questões que a prisão suscita.

Não é incomum a opinião de que o catálogo de casos e nomes denunciáveis favoreça a situação de Cunha. Se não por influências externas sobre o seu inquérito, para delimitá-lo, poderia pelo modo de ação da própria Lava Jato. Tanto porque o grupo de procuradores e policiais federais evita, até onde consegue, temas e nomes alheios à sua prioridade absoluta, que são Lula e o PT; como por ser ignorada e temida a dimensão do desarranjo que Eduardo Cunha pode causar. A ventania tóxica se estenderia até para o hemisfério norte.

A questão transborda para outra. Cunha tinha consciência do risco de prisão (dizia-se que tinha até uma valise pronta, como se fazia na ditadura). Sabia das condenações que o espreitam. Conhecia o método de coerção para obter delações, adotado na Lava Jato e recomendado por instrutores dos Estados Unidos. Apesar disso, não foi para o exterior, para um país sem tratado de extradição com o Brasil.

Eduardo Cunha é um planejador obsessivo dos próximos passos. E esperou meses pela decisão de Moro, sem qualquer ato interpretável como desejo de fuga. Deixou em mistério os motivos da atitude própria de uma pessoa despreocupada, com a vida em ordem, entre os comuns. Mas que houve motivos para estar ou mostrar-se assim, o mais adequado é não duvidar.

Moro, no entanto, incluiu risco de fuga na relação de itens para a prisão. E também a possibilidade de ruptura da ordem pública. Como e por que, nem sugeriu. No mais, só as acusações e indícios que, ao longo de mais de um ano, não pareceram ao juiz serem casos de prisão. O que de repente, sem fato novo, passaram a ser. Mas não por causa de Eduardo Cunha. Ou do seu catálogo.

MAIS UM

Gilmar Mendes faz escola. Luiz Fux precipita, publicamente, sua opinião no caso, "sub judice", de possíveis irregularidades financeiras na campanha da chapa Dilma-Temer. Acha que os dois são separáveis, o que livraria Michel Temer da ameaça de perder o mandato.

Luiz Fux esqueceu de explicar, sendo a responsabilidade só de Dilma, como e por que a prestação de contas para a Justiça Eleitoral é assinada pelos dois.


Jornal GGN

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