segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Perdemos D. Paulo, nosso cardeal protetor


Falece aos 95 anos, o amigo do povo, o Cardeal D. Paulo Evaristo Arns. Arcebispo Emérito da Arquidiocese de São Paulo, campeão em defesa das liberdades democráticas, dos trabalhadores e dos oprimidos.

Por Fernando Morais em 14 de dezembro às 23h17



Dom Paulo – 1921/2016

Morreu dom Paulo. Participei de algumas aventuras políticas com ele nos últimos anos. Primeiro fui enviado por ele ao Paraguai de Alfredo Stroessner para visitar, em seu nome, dois presos políticos: o deputado Domingos Laino e o sindicalista Alcibíades del Valle. Para minha surpresa, o contato de Dom Paulo em Assunción não era ninguém da hierarquia da Igreja, mas o embaixador dos Estados Unidos, Robert White – que anos depois deixaria o serviço diplomático americano para se converter em ativista da luta em defesa dos direitos humanos.

Depois o cardeal nos mandou a Buenos Aires, durante a Guerra das Malvinas. Lá fomos Margarida Genevois, presidente da Comissão Justiça e Paz, o advogado Idibal Piveta, o deputado Sérgio Santos, a jornalista Marisa Marega e eu. A missão dessa vez era trazer de volta ao Brasil, em segurança, a jovem militante montonera Patrícia Vaca Narvajas, procurada pela polícia política. Fomos e trouxemos Patricia para São Paulo. Tempos atrás descobri que ela foi embaixadora da Argentina no México, no governo dos Kirchner.


Depois intermediei com dom Paulo uma audiência do escritor Gabriel García Marquez com o papa João Paulo II para tratar da perseguição a militantes de esquerda na Argentina.

Há um episódio que Frei Betto pode contar com mais detalhes e precisão: a história da carta de Dom Paulo dirigida a Fidel Castro, que Betto, Antonio Callado e eu trouxemos a Cuba. Atendendo a um apelo do cardeal, Cuba suspendeu – até hoje, que eu saiba – os fuzilamentos no país.

Se Deus existe mesmo, já deve estar cuidando do nosso cardeal.

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 Nocaute   -   Fernando Morais

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