quinta-feira, 23 de março de 2017

O recuo de Moro no caso Eduardo Guimarães é o epílogo de seu reinado. Por Kiko Nogueira

Postado em 23 Mar 2017

Ele


E então Moro recuou.

Em despacho desta quinta, o juiz avisa que decidiu não mais investigar Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania.

Eduardo havia sido conduzido coercitivamente para depor na sede da Polícia Federal na Lapa, em São Paulo, sob a alegação de que divulgou informações sobre uma operação envolvendo Lula.

Segundo o blogueiro, os agentes da Lava Jato já sabiam a fonte da informação. De acordo com a Constituição, jornalistas não são obrigados a revelá-la.

Moro tentou uma pegadinha: Eduardo não faz jornalismo, mas “propaganda política” (Estadão e Globo, vamos combinar, fazem empadas, paçocas e escondidinhos).

Não colou. A ação arbitrária foi criticada unanimemente — à esquerda, à direita e ao centro. Nem Reinaldo Azevedo aprovou o que fizeram com o que chamaria, em outras circunstâncias, de “petralha”.

A ONG Repórteres Sem Fronteiras, sediada em Paris, emitiu nota de repúdio. Ficaram a seu lado apenas os extremistas de sempre, que recebem milagrosamente vazamentos selecionados, e sicofantas de Temer como a inacreditável Eliane Cantanhêde. 

Ao cometer essa insânia, nas palavras de Juca Kfouri, num misto de desespero, vingança e arrogância, perdeu o apoio da mídia, com quem sempre contou e que o alçou à condição de super herói. 

“Considerando o valor da imprensa livre em uma democracia e não sendo a intenção deste julgador ou das demais autoridades envolvidas na investigação colocar em risco essa liberdade e o sigilo de fonte, é o caso de rever o posicionamento anterior e melhor delimitar o objeto do processo”, escreveu.

“Deve ser excluído do processo e do resultado das quebras de sigilo de dados, sigilo telemático e de busca e apreensão, isso em endereços eletrônicos e nos endereços de Carlos Eduardo Cairo Guimarães, qualquer elemento probatório relativo à identificação da fonte da informação”.

Traduzindo: foi mals, aê.

Moro se tornou um empecilho, como antes dele Joaquim Barbosa. Como dizem os teletubbies, é hora de dar tchau.



Diário do Centro do Mundo   -   DCM

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