segunda-feira, 17 de julho de 2017

Ao fazer ataques pessoais, Doria passa dos limites e alguém precisa enquadrá-lo. Por Joaquim de Carvalho


- 15 de julho de 2017

Fala como comentarista de Facebook, mas, como prefeito, é exemplo. Um mau exemplo


Doria deixou a Embratur, nos anos 80, acusado de ter comandado uma administração que desviou recursos da entidade.

Na época, ele lutava por um lugar ao sol na política brasileira. Quis ser candidato a deputado, mas não conseguiu legenda.

Depois tentou se cacifar como vice na chapa de Sílvio Santos, mas foi rejeitado.

Tornou-se lobista e se deu bem, oferecendo a empresários a oportunidade de contatos com governos e, de quebra, lustrando seu ego com aparição em programas de televisão que dão pouca audiência e em revistas que quase ninguém lê.

Para setores expressivos da elite econômica brasileira, isso parece pouco importante.

O que vale é ser chamado por Doria de o maior produtor disso ou daquilo, o homem que abriu mercado, o pioneiro na gestão e outras coisas do gênero, quase sempre falsas.

Mereceram elogios dele praticamente todos os grandes empreiteiros do Brasil e Eike Batista.

Mas Doria, ao mesmo tempo em que lubrifica o ego dos empresários e as relações destes com governos, se notabilizou por ataques pessoais a adversários, com uma agressividade incomum e vulgar.

Quando saiu do Embratur, deixou para trás uma legião de desafetos, com brigas que repercutiram na imprensa e fora dela.

Doria não deixou saudades na empresa.

Neste sábado, em evento em São Bernardo do Campo, mais uma vez xingou o ex-presidente Lula:

“O Povo de São Bernardo sabe quem é o mentiroso e sem vergonha do Lula.”

“Os petistas não sabem o que é trabalho porque têm o espelho do Lula, que é o espelho da vagabundagem de quem trabalhou oito anos na vida e depois viveu das benesses do poder, dos amigos e do dinheiro de empreiteiras. Nós preferimos acordar cedo e trabalhar.”

Doria também agrediu Dilma, ao chamá-la de anta.

Nada que surpreenda quem o conhece.

No PSDB, ele também já imprimiu esta marca: deixou um rastro de mau cheiro, que a primeira dama, Lu Alckmin, não suporta, segundo contou Lauro Jardim, em seu blog no jornal O Globo.

Em relação a Lula, se compreende a agressividade: como ele é pequeno diante da estatura de Lula, confirmada pelas pesquisas, sabe que, se conseguir polarizar com o ex-presidente, vai ganhar espaço.

Lula tem plena consciência disso e o despreza.

Mas Dilma poderia colocar o prefeito, que já foi chamado no PSDB de Menino Malufinho, nos limites da civilidade.

Doria fala como se fosse apenas comentarista de rede social. Só que ele não é apenas isso.

É o prefeito da maior cidade da América do Sul e pode ser visto como exemplo.

Um mau exemplo.

Ataques pessoais devem ser respondidos na Justiça e Dilma faria um bem a si própria e à civilidade se o processasse, como fez com a Revista Istoé, que será obrigada a ceder a ela o direito de resposta, por conta de uma reportagem considerada ofensiva, que foi além do exercício da liberdade de expressão.

Doria também foi além do que se espera em um debate político.

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PS: Doria estava hoje ao lado do prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, figura conhecida, dono de supermercados, que colou sua imagem à de Doria na eleição passada, apresentando-se como o Doria do ABC. Morando também é agressivo, mas sua crista baixou antes da de Doria. Sua popularidade está em baixa, depois que provocou uma crise no serviço de recolhimento do lixo e ameaça romper um contrato que seria vantajoso para a cidade.

Morando diz que conseguiu economizar recursos do orçamento – na verdade, deixou de pagar fornecedores – e encontrou uma forma estranha de comunicar que está economizando – com inserções publicitárias no horário mais caro da TV Globo.




Diário do Centro do Mundo   -   DCM


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