terça-feira, 31 de outubro de 2017

‘SE OS EUA SE INSTALAREM EM ALCÂNTARA, DE LÁ PODERÃO CONTROLAR O BRASIL’

Ex-embaixador e ex-ministro de Assuntos Estratégicos Samuel Pinheiro Guimarães alerta que o interesse dos Estados Unidos nas instalações da base de lançamento de foguetes de Alcântara não está ligado ao lançamento de satélites ou assemelhados, algo que poderia ser feito do Cabo Canaveral; "O objetivo principal norte-americano é ter uma base militar em território brasileiro na qual exerçam sua soberania, fora do alcance das leis e da vigilância das autoridades brasileiras, inclusive militares, onde possam desenvolver todo tipo de atividade militar", ressalta

31 DE OUTUBRO DE 2017


247 - O ex-embaixador e ex-ministro de Assuntos Estratégicos Samuel Pinheiro Guimarães alerta que o interesse dos Estados Unidos nas instalações da base de lançamento de foguetes de Alcântara não está ligado ao lançamento de satélites ou assemelhados, algo que poderia ser feito do Cabo Canaveral.

"O objetivo principal norte americano é ter uma base militar em território brasileiro na qual exerçam sua soberania, fora do alcance das leis e da vigilância das autoridades brasileiras, inclusive militares, onde possam desenvolver todo tipo de atividade militar", ressalta.

"A localização de Alcântara, no Nordeste brasileiro, em frente à África Ocidental, é ideal para os Estados Unidos do ângulo de suas operações político-militares na América do Sul e na África e de sua estratégia mundial, em confronto com a Rússia e a China", observa.

Para ele, "o governo Michel Temer tem como objetivo central de sua política (que nada mais é do que o cumprimento dos princípios do Consenso de Washington) atender a todas as reivindicações históricas dos Estados Unidos feitas ao Brasil" cabendo à política externa "cooperar com a execução deste programa de Governo".

"Os Estados Unidos se vierem a se instalar em Alcântara, de lá não sairão, pois de lá poderão "controlar" o Brasil, "alinhando" de fato e definitivamente a política externa brasileira e encerrando qualquer possibilidade de exercício de uma política externa independente", finaliza.

Leia a íntegra do artigo.



Brasil 247

MERCADO REEDITARÁ EM 2018 O “RISCO LULA” DE 2002?



30 de Outubro de 2017

Por Tereza Cruvinel


Estava claro que a primeira pesquisa IBOPE sobre a disputa presidencial de 2018, divulgada neste domingo, ao revelar o favoritismo do ex-presidente Lula, provocaria alguma reação de seus adversários. Se na política eles não podem responder no curto prazo, na frente econômica o mercado foi rápido no gatilho. O índice Bovespa interrompeu uma sequência de altas e abriu em viés de baixa nesta segunda-feira, e o dólar subiu para R$ 3,252, depois de ter recuado 1% na cotação de sexta-feira. São sinais, ainda que incipientes, de que as forças da banca financeira podem reeditar em 2018 a manobra do “risco Lula”, um verdadeiro ataque especulativo contra o país, sintonizado com o crescimento ininterrupto de Lula na disputa presidencial de 2002.

Naquele pleito, embora o Brasil houvesse quebrado três vezes na Era FHC, a cada salto de Lula nas pesquisas eleitorais o mercado respondia com alta do dólar e quedas na Bolsa, movimentos que eram atribuídos ao terror do mercado com a possibilidade de sua vitória. O especulador global George Soros criou um indicador maligno, o “lulômetro”, que mediria o impacto do risco de sua eleição. Os ataques foram contidos com o lançamento da “Carta ao Povo Brasileiro”, em que Lula se comprometeu a manter os fundamentos macroeconômicos (câmbio livre, metas de inflação e superávit primário) e a honrar os contratos do Estado brasileiro. FHC, é devido reconhecer, também contribuiu para mitigar a situação ao reunir todos os presidenciáveis no Planalto para expor a situação, o que permitiu uma espécie de pacto pela estabilização.

Muitas coisas são bem diferentes neste final de 2017. Graças exatamente a Lula e Dilma, o Brasil dispõe hoje de reservas cambiais de US$ 380 bilhões, ao passo que em 2002 o havia sido socorrido por empréstimos do FMI, que passou a monitorar a economia e sua vulnerabilidade externa. Hoje, apesar desta boa situação das contas externas, a economia segue em recessão, abalada pelas incertezas criados pelo golpe, depois de ter experimentado o ciclo virtuoso de crescimento sob Lula. O primeiro compromisso de Lula é exatamente o de recolocar o país na trilha do crescimento, com inclusão e distribuição de renda. Uma reedição do “risco Lula” não encontraria respaldo na experiência bem sucedida de seus dois governos mas pode ser uma das poucas armas que restaram aos adversários do ex-presidente, diante da evidência de seu favoritismo, da ocupação do segundo lugar pelo indesejado Jair Bolsonaro e do sofrível desempenho de candidatos liberais como Alckmin, Doria e Huck.

Jogar com o “risco Lula” pode ser uma tática que permitiria ao bloco conservador ganhar tempo na busca de um nome competitivo (embora seja tarde para seu surgimento) ou da alavancagem artificial de um dos nomes já colocados.


Brasil 247

10 mil sem-teto partem para o Palácio, por terreno em S. Bernardo



POR FERNANDO BRITO  · 31/10/2017




Em longas colunas, 10 mil moradores da Ocupação Povo Sem Medo, em São Bernardo do Campo – onde a Justiça impediu ontem Caetano Veloso de cantar – estão caminhando para o Palácio dos Bandeirantes, a 23 km de distância, para pedir ao Governador Geraldo Alckmin desaproprie o terreno abandonado onde montaram suas barracas.

A juíza pode impedi-los de ouvir a música, mas não pode – ainda – impedi-los de exibir sua pobreza e necessidade.

Daqui a pouco, talvez, deem à polícia esta tarefa, embora a manifestação seja absolutamente pacífica.

Mas não será assim, nunca, que farão ser invisível “o povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas” da Sampa que Caetano cantou e não pode cantar mais a eles.


Tijolaço

A direita pode estar construindo a vitória de Lula no 1° turno




POR FERNANDO BRITO  · 31/10/2017




Reparem o que aconteceu nos últimos dias, depois que passaram a apresentar a pesquisa Ibope como “Lula e Jair Bolsonaro vão disputar 2° turno”.

Os demais candidatos praticamente desapareceram do noticiário.

Lula, ao contrário, precisa ser “desaparecido”, como fazem com as imagens de sua caravana, como esta, ontem à noite, em Belo Horizonte.

A estratégia da “marquetagem jornalística” para não dizer, simplesmente, que Lula é o favorito na disputa presidencial acaba antecipando um “2° turno” na cabeça do eleitor, inclusive e principalmente naqueles que, mesmo com restrições a Lula, passam a admitir votar nele diante da brutalidade bolsonarista.

Ajudam, assim, a atenuar a rejeição que eles próprios construíram com seus três anos de bombardeio pesado.

Pode, sim, produzir o mesmo efeito na cabeça dos que desenvolveram ódio ao petista, levando alguma água ao quase indeglutível Bolsonaro, candidato do partido…qual mesmo?

O resultado é um estreitamento do espaço de outras candidaturas. E, portanto, reduzindo o “bolo” que vai se somar ao segundo colocado para – com os números de hoje, tentar somar mais votos que Lula e levar a uma segunda rodada eleitoral.

Ou alguém tem dúvida de que Bolsonaro constituiu-se numa barreira à expansão de João Doria? Ou que funciona também como uma rolha a bloquear a intenção da invenção Luciano Huck? Ou que mesmo para o desanimado Alckmin tira votos – sobretudo em São Paulo – que sempre pertenceram aos tucanos sempre que eles conseguiram abarcar a direita sob suas asas?

Aí está a razão pela qual Lula não radicalizará sua campanha.Radicalizam por ele, construindo contra ele uma “solução” que, ou será judicial ou será com um candidato policialesco.

Repulsiva, portanto, aos sentimentos democráticos que sobrevivem na maioria da população.



Tijolaço

Os EUA querem um Brasil de segunda classe





Conversa Afiada

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Não é só o Nordeste: Liderança de Lula é sólida e transversal



POR FERNANDO BRITO · 30/10/2017




Saiu hoje o mapa completo da pesquisa Ibope, que pode ser acessado aqui.

É bom olhar e ver que, ao contrário do que diz a mídia, Lula está “pendurado apenas no Nordeste”.

Ele vence em todas as regiões, entre eleitores de ambos os sexos, em todas as faixas etárias, mas cidades pequenas, médias e grandes, nos centros, nas periferias e no interior e em quase todos os segmentos de renda e grau de instrução.

E, mesmo aí, como a denunciar a mesquinhez estúpida de parte de nossa classe média “estudada”, perde de pouco para o mais bronco dos candidatos, Jair Bolsonaro.

O eleitorado de Lula, por tudo isso e por uma proximidade entre as menções espontâneas (26%) e as em cartelas de candidatos (35-36%), demonstra estar consolidado.

E mais: tem, hoje, quase a metade dos “votos válidos”, isto é, dos que escolhem candidato.

Estatisticamente, se cada dez eleitores de Lula influenciarem o voto de de mais um, nas condições atuais ele estaria eleito no primeiro turno.

Esta é a razão do desespero porque, além do quadro desesperador, há o fator Temer a pesar sobre uma candidatura de direita “não-bolsonárica”.

Não dá, desta vez, para dar como favas contadas de Marina como linha auxiliar no Nordeste e em parte da classe média. Muito menos com o Eduardo Campos a deixar-lhe de herança parte do Nordeste.

Fazer “chapa pura” com Dória para vice pu governador de São Paulo não facilita alianças.

A direita está num mato sem cachorro eleitoral. Ou só com um pitbull.



Tijolaço

Capitão Nascimento, Sergio Moro, Bretas e o sargento da Paraíba, por Armando Coelho Neto

SEG, 30/10/2017 - 07:41

Armando Coelho



Capitão Nascimento, Sergio Moro, Bretas e o sargento da Paraíba

por Armando Rodrigues Coelho Neto

“Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data”, disse certa feita Luís Fernando Veríssimo. Se pudesse tentar ir além, eu diria que às vezes, o nome do jornalista que comete o crime de imprensa também. Do mesmo modo, o fato pode ser verdadeiro, embora descontextualizado ou a serviço de golpes de estado. Exemplo: Farsa Jato. Digo isso a propósito de me isentar de alguma responsabilidade sobre o que escrevo. Incrédulo, se eu fosse mais honesto começaria todas as falas com expressões do tipo reza a lenda que...

Fui, com prejuízo, avalista de um aluguel para uma pessoa conhecida, proprietária de uma “lan house” e sorveteria no centro de São Paulo. Eu, que não sou capaz de gerenciar um carrinho de pipoca, seria o proprietário oculto, o que levou a Polícia Federal a bisbilhotar minha riqueza. Tempos depois, eu lá estava, quando baixou a tropa de choque da assassina PM paulista, liderada por um truculento graduado militar, visivelmente inspirado no capitão Nascimento, que parecia fazer sucesso naquela época. Decepcionados com sorvetes, colheres de plástico e casquinhas de waffles, resolveram revistar bolsas e bolsos...

Claro que a truculência foi parar na “serena e imparcial” corregedoria da PM para não dar em nada e ainda ter que ouvir um “aonde o senhor quer chegar com isso?”. A tropa recebeu uma denúncia, deveria fazer o quê? Pergunta que muito a gosto deve ter inspirado um representante da Guarda Metropolitana paulista, que em vídeo declarou que a abordagem de pobre não pode ser igual a de rico e essa é a orientação que dá a seus subordinados. Pode ter inspirado o delegado da Civil que foi procurar droga na casa do filho do ex-presidente Lula e acabou levando computadores e documentos. Portanto, Sérgio Moro já pode até ter mais um papel sem assinatura contra o seu desafeto figadal.

Eis um conjunto inspirador que pode ter servido de mote para o ridículo filme (não vi e não gostei) a “Lei é para todos”, menos para Aécio Neves - bandido de estimação da maioria absoluta da Polícia Federal. Foi nessa onda de inspiração, que durante uma audiência, em Curitiba, os oficiantes da Farsa Jato interpretaram como possível ameaça algumas falas do ex-presidente Lula. O que o senhor quis dizer quando disse isso e aquilo no discurso no lugar tal e tal, perguntou Moro. Em clima de interpretações legais rasteiras, o Ministério Público Federal, para construir a imagem de bandido na figura de Lula, interpretou ações penais legítimas (jus sperniandi) como atos intimidatórios e ameaça.

Voltemos aos jornais e suas datas. Durante uma audiência com o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o juiz Marcelo Bretas sentiu cheiro de ameaça numa fala do réu, que falou de uma suposta loja de bijuterias da mulher do juiz, num contexto em que se falava de joias. “É no mínimo suspeito e inusitado o acusado, que não só responde a este processo como a outros, venha aqui trazer em juízo informações sobre a rotina da família do magistrado”. Por que jornais? Porque se é verdade o que veicularam, não houve ameaça e mais uma vez impetrou a hermenêutica subjetiva e não me venham dizer que estou defendendo bandido.

Eis que o corporativismo entrou em cena, a associação dos magistrados emitiu nota contra qualquer ameaça a juízes (quem é a favor?). Os mais rígidos observadores do Direito Penal são categóricos no sentido de que, sequer veladamente, o fato configuraria ameaça. Se Cabral precisa ser transferido por razões outras, o juiz da causa escolheu mal o momento. Se o juiz tinha alguma informação de ameaça pessoal, lógico que pegou na palavra no primeiro indício, glamourizando assim, via Rede Globo de Televisão, a audiência com o inimigo público do Rio de Janeiro. 

Esse surto inspirador do subjetivismo do Poder Judiciário causou perplexidade até ao golpismo dos Mesquitas. Em editorial, o jornal O Estado de S. Paulo tratou a postura de Bretas como um exagero - “entrevero menor... inspirado por suscetibilidades pessoais”. Diz ainda que “mesmo excluindo a hipótese mais extrema”, o regime rigoroso da penitenciária de segurança máxima de Campo Grande (MS), “onde se encontram grandes traficantes e líderes de organizações criminosas, prisão federal não se coaduna com o comportamento de Cabral”. Em síntese, alguns olhos parecem se abrir para os descaminhos do judiciário. Inspirado em quem?

Pois bem. Li recentemente que uma estudante do Curso de Letras da Universidade Estadual da Paraíba (Guarabira) escreveu no mural daquela instituição de ensino a seguinte frase: “Seja marginal, seja herói”. A frase é de Hélio Oiticica, fruto de uma série de trabalhos da década de 60/70, que ficaram conhecidos como marginalia. O autor morou na Mangueira, onde viviam também marginais. Ele descobriu um olhar artístico fora do conceito elitizado de cultura. Do plástico ao escrito, havia marcas da violência, crítica e contraponto aos conceitos de então. Chegou-se a falar em arte e cultura na idade da pedrada...

Um policial militar do 4° Batalhão local não gostou da frase e apagou. Ao se deparar com a estudante tentando reescrever, deu voz de prisão por apologia ao crime e dano ao patrimônio público. Ao interceder em favor da jovem, o diretor do Centro de Humanidades também foi enquadrado. A reportagem de 27/10 não fala a patente do policial, mas pela pujança judicante é de se concluir ter sido um sargento...

Ironias à parte, a onda de autoritarismo e de militância subjetivista vem se intensificando. Faz parte da síndrome de ativismo político-judicial, de forma que cada um, em sua esfera de “poder”, quer mostrar seu engajamento com a gelatinosa síndrome “sejumoriana”. O mais grave é que a ela está se somando a cada dia à burrice, à mesma ignorância que imperou entre os adoradores de pato, das panelas silenciosas e que hoje protestam contra museus...

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista e advogado, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo



Jornal GGN

O elo entre a indústria da delação premiada e a máfia das falências no PR: a mulher de Moro. Por Joaquim de Carvalho




- 26 de outubro de 2017

Rosângela Moro e o marido, Sergio

Esta é a terceira reportagem da série sobre a indústria da delação premiada na Lava Jato, feita em parceria entre o Jornal GGN e o DCM e financiada através de crowdfunding. As anteriores estão aqui. Fique ligado

Rosângela Maria Wolff de Quadros Moro é conhecida por sua atuação em defesa da APAE do Paraná, a ponto de ela mesma se anunciar em uma audiência pública no Congresso Nacional como representante do então vice-governador do Estado, Flávio Arns, do PSDB, que era (e é) presidente da federação das associações no Estado.

Isso antes da fama do marido, Sergio Moro.

Com a fama dele, a partir de 2014, alçado à condição de herói da Lava Jato, Rosângela também se tornou conhecida em promover o marido — criou no Facebook a página Eu MORO com ele, em que reproduz matérias elogiosas.

Pouco se sabe da atuação de Rosângela no sentido estritamente profissional do direito.

Ela apareceu na lista de advogados a quem o doleiro Rodrigo Tacla Durán fez pagamentos por serviços (não especificados) prestados, teve seu nome divulgado no site do escritório de um amigo de Moro, Carlos Zucolotto Júnior, como profissional da sociedade. Mas, no cadastro nacional da OAB, aparece como integrante de outro escritório de Curitiba, o Andrade Maia.

Ao portifólio particular de Rosângela, podem-se acrescentar serviços prestados também à família Simão, apontada em uma CPI de 2011 como integrante da Máfia das Falências do Estado, uma organização que se desenvolveu no seio do Poder Judiciário do Paraná.

Quem estava na linha de frente da defesa da família Simão é Marlus Arns, sobrinho do ex-vice-governador Flávio. A mulher de Moro também aparece como advogada de uma das massas falidas administradas pela família Simão, só que com menor destaque do que Marlus. É a da GVA, fabricante das famosas placas madeirit.

A GVA, ao quebrar, deixou as páginas de economia para entrar nas de polícia.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Guarapuava, no interior do Paraná, Sirlei César de Oliveira, se lembra bem do caso da GVA, até porque até hoje luta para que os trabalhadores recebam algo das verbas rescisórias.

Marlus Arns

“Ninguém recebeu nada. A verba está depositada em juízo, mas eles não têm interesse em buscar a solução. Enquanto isso, vão administrando os bens e desviando o dinheiro que entra”, afirma.

O esquema da Máfia das Falências, revelado pela CPI, é engenhoso.

Pelas contas do então deputado estadual Fábio de Souza Camargo, presidente da CPI, pelo menos R$ 400 milhões foram desviados de empresas que quebraram e deveriam ser usados para o pagamento do Fisco, trabalhadores e credores.

A CPI foi encerrada antes do relatório por decisão da Justiça, mas Fábio e alguns deputados continuaram a investigar, com audiências públicas pelo interior do Estado, onde a máfia deixou rastro. Uma dessas audiências foi em Guarapuava, cidade da GVA. Marlus representou a família Simão.

Cobrado por não ter pago os trabalhadores, o advogado fez uma acusação séria. Disse que o sindicato tinha recebido honorários no valor de R$ 1,1 milhão, como adiantamento por honorários devidos — 10% sobre o valor da dívida total.

“Era mentira. O sindicato teria, sim, direito a honorários, mas assim que todas as verbas fossem quitadas, ou seja, 10% do total de R$ 11 milhões”, disse ao DCM.

Alguns meses depois de instalada, a CPI foi proibida de continuar funcionando pelo Tribunal de Justiça do Paraná, a pedido da Associação dos Magistrados do Estado. Na ação, a AMAPAR afirmou que agia em nome dos juízes de sua base, que estariam se sentidos ameaçados pelos parlamentares.

A AMAPAR não apresentou os nomes desses juízes. Ainda assim, como entidade de classe, teve o pedido de encerrar a CPI aceito pelo tribunal.

O argumento da associação é que a CPI foi criada sem que houvesse fato determinado que justificasse sua instalação. Para o presidente da Comissão, Fábio de Souza Camargo, era um pretexto. A CPI, segundo ele, estava chegando ao coração de uma verdadeira máfia.

Filho de um ex-presidente do Tribunal, desembargador Clayton Camargo, e irmão de uma juíza que atuava na vara de falências, Fábio disse que, ao contrário do que imaginava no início, a máfia não estava fora do Judiciário.

“Não era um esquema qualquer. Fosse um esquema montado com o fim exclusivo de fraudar os juízes e o Judiciário, um esquema ‘de fora para dentro’, ele já teria sido desmantelado. Ficou claro para mim, cada vez mais, que o esquema é de ‘dentro para fora’, ou seja, os operadores reais estão dentro das entranhas do TJPR”, escreveu ele, no livro “Poder, Dinheiro e Corrupção – Os Bastidores da CPI das Falências”.

Fábio diz que o livro, escrito e editado por ele, foi a alternativa que encontrou para revelar o que havia apurado na CPI. A obra chegou a ser proibida pela Justiça, e recolhida das livrarias, mas ainda assim é possível encontrar exemplares em alguns estabelecimentos.

Para esta reportagem, comprou-se um exemplar numa livraria da Universidade Federal do Paraná.

Rosângela Moro aparece como advogada da massa falida da GVA em pelo menos seis ações trabalhistas. Segundo o deputado Fábio, a contratação de advogados, com honorários a peso de ouro, era uma das formas utilizadas pela máfia para desviar recursos das massas falidas.

Não se pode afirmar que este tenha sido o caso de Rosângela.

“Nós chegamos a bloquear alguns pagamentos de honorários”, recordou o presidente do sindicato dos trabalhadores, que se lembra de Marlus, mas não de Rosângela.

“Era o Marlus que comandava toda a assessoria jurídica da família Simão, informou o sindicalista. Segundo a CPI, Marlus respondia ao mesmo tempo pela assistência jurídica da massa falida da GVA e também da Gran Comp Insumos e Compensações, uma das empresas que celebraram contrato de arrendamento da massa falida, a preço vil, segundo o deputado.

O conflito de interesses era evidente.

O então deputado Fábio Camargo autografa seu livro, recolhido pela Justiça

Marlus estava no dois lados do balcão e, mais tarde, a polícia civil descobriu que a arrendatária representada por Marlus nos negócios jurídicos tinha como proprietário um motorista, possivelmente laranja da família Simão.

Massa falida, arrendatária e advogado formavam um bolo só.

Rosângela advogar para uma quadrilha que fraudava a administração de massas falidas não é, em si, crime. Advogados costumam trabalhar para pessoas acusadas de ultrapassar a linha da legalidade.

O problema está na sua relação com Marlus Arns. Criminalista, Marlus se tornou um dos principais advogados das delações premiadas homologadas por Sergio Moro, na Justiça Federal.

Ele entrou para esse ramo mesmo depois de criticar, publicamente, o expediente.

Segundo a Folha de S.Paulo, Arns criticava o instituto da delação premiada nas aulas que dava na Academia Brasileira de Direito Constitucional.

Arns se tornou especialista em delação sem ter conhecimento específico nesse tipo de negociação — como, de resto, ninguém tem —, assim como foi advogado de administradores de massa falida mesmo tendo como especialidade o direito criminal.

O que pode explicar o destaque de Arns tanto em uma quanto em outra especialidade é as relações que possui.

Marlus defende as APAEs em diversas ações no Tribunal de Justiça de Justiça. Não custa lembrar: a responsável pela procuradoria jurídica da Federação da APAE, presidida por Flávio Arns, é Rosângela.

O elo não termina aí. O irmão de Marlus, Luiz Carlos, é dono de um curso de especialidade em direito à distância, onde pelo menos um integrante da Força Tarefa da Lava Jato deu aula.

Com a revelação de que Marlus atuou na linha de frente da defesa de integrantes da Máfia das Falências e Rosângela Moro foi um das advogadas contratadas, o juiz Sergio Moro fica numa situação, no mínimo, incômoda.

O que o deputado Fábio Camargo descobriu e publicou em seu livro é que a Máfia das Falências teve origem na prática de indicar sempre os mesmos advogados para gerir as massas falidas — com ações que, segundo ele, consistiam em lesar credores, trabalhadores e o Fisco.

O deputado apontou cinco escritórios que controlavam a maior parte das massas falidas em todo o Estado — a família Simão, à qual Marlus era ligado, tinha o maior número.

Com as delações premiadas, acontece a mesma coisa.

Basta olhar para o quadro de advogados que têm sido bem sucedidos nas delações em Curitiba para descobrir que eles se contam nos dedos de uma única mão.

Marlus estava fora desse clube fechado até que Beatriz Catta Preta, de São Paulo, desistiu da Lava Jato depois de costurar a maior parte dos acordos.

Alegando ameaças, disse que deixaria o Brasil. Chegou a anunciar Miami como seu novo endereço, mas é vista em São Paulo e, segundo advogados, até atende alguns clientes.

O clube restrito de especialistas em delação lembra o das falências, mas isso não significa que, na Justiça Federal, haja práticas criminosas.

Para afastar esse risco, advogados entendem que seria prudente abrir a caixa preta das delações e definir um protocolo de acordos, com regras claras e transparência, para que amanhã não se descubra que o instituto foi excelente para advogados que buscam fortuna e péssimo para a Justiça.

Depois de aparecer na Máfia das Falências, os Simão protagonizaram outro escândalo. Fábio Zanon Simão, irmão de Marcelo, era alto funcionário do Ministério da Agricultura desde 2015, por indicação do PMDB, e foi preso na operação Carne Fraca.

A acusação contra ele: cobrar propina para conseguir facilidades no Ministério da Agricultura.

Em 2015, quando foram divulgadas por blogs uma suposta ligação de Rosângela Moro com o PSDB, ela foi ao Twitter para dizer, em mais de um post:

Atenção tuiteiros. Não sou, nunca fui advogada de partido político algum, seja do pt, psdb, pdt, pqp. Tampouco sou filiada a partido politico. Não sou, nunca fui advogada de qualquer político. Fui, em meados de 2009-2010, advogada da uma massa falida na área trabalhista, cujos síndicos, aliás, me passaram o calote, nunca pagaram os honorários, razão pela qual pedi renúncia em TODOS os processos.


Na época, ficou sem sentido a referência à massa falida. O que tem a ver massa falida com os partidos?

Mas agora se sabe: ela estava falando da GVA.

Rosângela disse que renunciou à defesa das ações trabalhistas da massa falida, mas Marlus continuou, firme, na defesa dos Simão.

Marlus e Rosângela ainda se encontraram profissionalmente nos caminhos jurídicos da APAE e agora, de uma forma indireta, na Vara de Sergio Moro.

Quando se olha para a família Simão, vê-se Marlus na sombra. Quando se olha para Marlus, é impossível não enxergar pelo menos o vulto de Rosângela Moro. No cenário onde os dois atuam, destacam-se os pilares da Justiça.

.x.x.x.x.

PS: Encaminhei e-mail para Rosângela Moro com perguntas para esta reportagem. Até agora, ela não respondeu.



Diário do Centro do Mundo   -   DCM

domingo, 29 de outubro de 2017

Poder e Dinheiro com José Luís Fiori



DOM, 29/10/2017 - 18:45
ATUALIZADO EM 29/10/2017 - 18:45

Enviado por Ronaldo Bicalho


A hegemonia americana
José Luís Fiori, professor do IE-UFRJ, no semináriode comemoração de vinte anos de publicação do livro Poder e Dinheiro, fala sobre a evolução do sistema internacional e do esforço de pesquisa para entender esse processo, tendo como referência a evolução do papel dos Estados Unidos nesse sistema.



Jornal GGN

O medo do juiz Marcelo Bretas, por Luis Nassif

DOM, 29/10/2017 - 11:33

ATUALIZADO EM 29/10/2017 - 13:27



“A raiva é filha do medo e irmã da covardia”, Chico Buarque, citado por Luís Roberto Barroso

A cultura popular brasileira consagrou alguns termos para descrever a maldade, entendida como o ato de praticar maldades.

Categoria 1 - Há os fundamentalistas, para quem o castigo é uma forma de purgação dos pecados.

Categoria 2 - Há os justiceiros, que se escondem atrás de um álibi legal para perpetrar as piores maldades.

Serve para o motorista que vê um ciclista atravessando o sinal vermelho e entende que tem o amparo da lei para atropelar o infrator. E serve, hoje em dia, para muitos procuradores e juízes.

Categoria 3 - Há os linchadores, que, amparados pelo grupo ou pela instituição, se comprazem em chutar os adversários caídos. Nas brigas de torcida organizada, ou nas manifestações políticas, esse papel, em geral, é exercitado pelo integrante mais fraco e mais inseguro do grupo.

Categoria 4 - Há um grupo específico que, na linguagem popular, são taxados de "filhos da puta", um termo impróprio para descrever aqueles que se comprazem com a maldade gratuita. Pensei nessa designação quando ouvi o procurador se jactar de ter pedido a condução coercitiva de Marisa Lula, mas o juiz Sérgio Moro ter negado por ter coração mole com mulheres.

Categoria 5 – e há aqueles magistralmente definidos por Chico, cuja raiva é filha do medo e mãe da covardia.

A frase não cabe em Gilmar, para quem foi dirigida. Gilmar é o homem mau que tem objetivo – a defesa dos seus -, método – pular de galho em galho da jurisprudência dependendo das circunstâncias – e tem alvo. É vingativo (estão aí as ações que me move), mas não desperdiça maldades, não é a vingança pela vingança. É o método dos coronéis, de impor medo, quando não impõe respeito, para não perder o poder de intimidar.

Já o juiz Bretas é a personificação da definição de Chico, que já nasce clássica.

Sérgio Cabral é o mais deplorável dos homens públicos arrastados pelo turbilhão da Lava Jato. Deslumbrado, sem limites, personificando a cena clássica desses tempos de lambança – a tal dança dos guardanapos, em Paris -, no entanto agora é um preso comum, sem regalias, com a imagem destroçada, cumprindo pena. É um farrapo.

Esse farrapo de gente, na frente de Bretas, ousou um minuto de desabafo.

Imediatamente, manifestou-se a raiva, mãe da covardia, mas filha de quem? Bretas ordenou o envio de Cabral para um presídio de alta segurança em Campo Grande, para onde são enviados marginais que significam riscos para a vida humana. Não pensou na família, nos filhos, nos parentes. Com a ajuda de um procurador que tentou criminalizar até visitas de filho ao pai, deu o veredito final, alegando que se sentiu ameaçado.

Mais que isso, e aí levantou dúvidas sobre as razões do medo. Não apenas deu o veredito, como imediatamente tratou de pedir apoio da AJUFE (Associação dos Juízes Federais). O medo se transformou em pânico.

Tudo isso, leva à questão central: qual o medo de Bretas que o levou à covardia. Até agora, o único indício é a menção aos negócios de sua família.

Relembre a cena: Sérgio Cabral entrando na sala e taxando Bretas de parcial, de injusto. Certamente seria admoestado pelo juiz, que até poderia ordenar a interrupção da sessão. Mas jamais tomaria a mais drástica medida que tinha à mão: o envio a um presídio de segurança máxima, em total isolamento. Portanto, não foi a atitude de Cabral que deixou o juiz em pânico: foi o conteúdo.

Em nenhum momento Cabral o ameaçou. Disse ele:

- Vossa Excelência já me condenou em duas ocasiões, uma em 45 anos e outra em 13 anos. Percebe-se, a partir dessas condenações, que vossa excelência não acredita em mim. Comprei joias para minha mulher em datas comemorativas.

Depois, explicou ao juiz que ninguém compra joias para lavagem de dinheiro porque basta sair da joalheria para as jóias perderem valor. E lembrou ao juiz que sua família tinha uma loja de bijuterias e, por isso, ele tinha conhecimento do que estava falando.

Bastou isso, para instaurar o pânico.

O medo e a covardia de Bretas empinaram um enorme balão, que ficará pairando no ar, à espera de alguém que vá furá-lo.



Jornal GGN

Ibope “misterioso” repete resultados do Datafolha


POR FERNANDO BRITO · 29/10/2017




Sem identificar o autor da encomenda, Lauro Jardim divulga hoje, em sua coluna em O Globo, os números de uma pesquisa Ibope de intenção de voto presidencial.

Na essência, os números são quase idênticos ao do último Datafolha: “Lula fica com o mínimo de 35% e o máximo de 36% das intenções de voto” , diz ele.

O que dá, descontados brancos, nulos e os que não respondem, 48% entre os que teriam “votos válidos”. Temerária, embora aritmeticamente verdadeira, a afirmação de que “Lula e Jair Bolsonaro iriam para o segundo turno se as eleições presidenciais fossem hoje”.

A fatura, com estes números, poderia ser liquidada no primeiro turno, conforme a margem de erro.

Diferença significativa, talvez por fraternidade na hipocrisia afetada, tem nos votos de Marina: ela aparece com 8% no Ibope, bem abaixo dos 14% que lhe dá o Datafolha.

A dupla tucana, apresentada separadamente, soma 9%, quase o mesmo que cada um tem (8%) no cenário do Datafolha.

É claro que qualquer candidato do PSDB vai crescer, porque terá mais de São Paulo, sua razão de viver, e não será em cima do naco lulista do eleitorado.

O eleitorado de Lula é sólido – 26% na espontânea – e está claro que sua exclusão do processo eleitoral vai abalar a legitimidade da escolha, desencadeando um fenômeno que estes ensaios de pesquisa “sem Lula” são totalmente incapazes de identificar.

Não há pesquisas sobre o incerto 2° turno, o que -mantida a semelhança com o Datafolha, daria vantagem a Lula sobre qualquer concorrente.

Seria muito conveniente que os senhores adeptos das “soluções judiciais” procurassem ler sobre o “Ele Disse” de Vargas em dezembro de 1945.

PS. Por razões de espaço, retirei do quadro que ele publica os candidatos Ronaldo Caiado e Chico Alencar, ambos com 1%, em ambos os cenários.


Tijolaço

IBOPE REVELA QUE LULA PODE LEVAR ELEIÇÃO NO 1º TURNO

Mais do que simplesmente confirmar a disparada do ex-presidente Lula nas pesquisas, o Ibope também trouxe um fato novo: são reais as chances de que Lula vença a disputa no primeiro turno; no principal cenário, Lula teria 35% contra 40% de todos os adversários somados – o que praticamente configura um empate técnico; no entanto, o Ibope inclui dois candidatos do PSDB – João Doria e Geraldo Alckmin – e também insere na pesquisa o apresentador global Luciano Huck, projeto de candidato de laboratório da Globo, que ainda não tem partido

29 DE OUTUBRO DE 2017 


247 – Mais do que simplesmente confirmar a disparada do ex-presidente Lula nas pesquisas, o Ibope também trouxe um fato novo: são reais as chances de que Lula vença a disputa no primeiro turno.

No principal cenário, Lula teria 35% contra 40% de todos os adversários somados – o que praticamente configura um empate técnico.

No entanto, o Ibope inclui dois candidatos do PSDB – João Doria e Geraldo Alckmin – e também insere na pesquisa o apresentador global Luciano Huck, projeto de candidato de laboratório da Globo, que ainda não tem partido.

Diante da força de Lula, a estratégia da direita brasileira é instrumentalizar o Poder Judiciário para que Lula seja impedido de concorrer.

No entanto, o governador do Maranhão, Flávio Dino, que também é juiz, explica por que a sentença contra Lula é extremamente frágil.

Inscreva-se na TV 247 e confira:


Leia, abaixo, mais informações sobre a pesquisa Ibope:

247 – Uma nova pesquisa presidencial feita pelo Ibope confirma: se as eleições fossem hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria novamente eleito presidente da República.

Em qualquer cenário apresentado ao eleitor, Lula fica com o mínimo de 35% e o máximo de 36% das intenções de voto. O o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) aparece em segundo lugar, com 15%, enquanto Marina Silva, da Rede, tem 11%.

Em terceiro lugar; tanto os candidatos tucanos Geraldo Alckmin e João Doria, assim como o apresentador Luciano Huck, nome de laboratório que vem sendo preparado pela Globo, têm percentuais ao redor de 5%. Sem Lula, quem mais se beneficia é Ciro Gomes, que vai a 11%.



Brasil 247

sábado, 28 de outubro de 2017

O outro mundo de Lula




POR FERNANDO BRITO · 28/10/2017



Quando a gente lembra da badalação que a elite brasileira fazia a Lula, no tempo das vacas gordas – para eles, obesíssimas – bem poderia vir à mente a ciranda infantil: O anel que tu me destes/Era vidro e se quebrou/O amor que tu me tinhas/Era pouco e se acabou.

Salvo raras exceções, a nata da imprensa brasileira – alguns deles, quando jovens, encantados com o “operário na política” – trata Lula com um desprezo e nojo que, no fundo, têm ao tempo em que eram, ou pensavam que eram, mosqueteiros da “esquerda”.

Mas quando a gente olha a coleção de pinturas – desculpem, não são fotografias – feitas pelo Ricardo Stuckert durante a peregrinação que Lula faz pelas lonjuras do Brasil, vê-se que existe um amor que não é pouco e sobreviveu à mais intensa e canalha campanha de propaganda que já se desenvolveu no Brasil contra um líder político desde a que se fez contra Vargas. Mesmo contra Brizola, tenho de reconhecer, os limites foram superados e olhe que não é fácil fazer contra alguém o que a Globo fez contra ele.

Só não é, aliás, maior do que aquela que se fez contra Getúlio porque a este se acusou de ser mandante de um assassinato, o de Rubens Vaz.

A mim, a emoção que transborda no rosto das pessoas impressiona mais que a visão dos montes de gente que se atrai a vê-lo, debaixo de sol, neste Brasil que não é brilhante e azul como o mundo das elites, mas encardido das poeiras da terra castigada que somos.

Fico com pena de quem tem de escrever o pouco que sai desta marcha na imprensa e nas redes sociais. Como descrever com palavras o que está na imagens do “Stuquinha”? Como provocar um entendimento igual com um ” a lavradora Maria de Souza, 72 anos, se emocionou quando Lula…” diante da visão do rosto esculpido pelo tempo, pelo sol e pela pobreza?

Os intelectuais de pretensão grande e coração pequeno chamam logo de “populista” o que veem. O povo brasileiro, para eles, é uma terceira pessoa, alguém distante do que ele próprio é que, no máximo, precisa ser “ajudado”, quando muito.

O que vejo ali, creiam-me, é um Lula que só não está plenamente feliz porque tem um medo, que não é de Moro.

É do tempo.

De novo peço a bondade, senão a de me acreditarem, a de ouvirem quem acompanhou um personagem da história das lutas sociais do povo brasileiro: não é retórica quando Lula diz que gostaria de não ser candidato, mas tem o dever de sê-lo.

Essa é a força que anima a sua candidatura.

Ela não vem de dentro para fora, mas de fora para dentro do mundo político.

Geraldo Alckmin definiu “Preparado para o Brasil” como slogan de sua campanha.

Quase igual e completamente diferente do que é Lula, que é muito maior do que suas qualidades e defeitos pessoais, como todos temos.

Lula é preparado pelo Brasil, o fruto inevitável de um povo.



Tijolaço

Referendo revogatório: condição de resgate da democracia


26 de Outubro de 2017

Por Emir Sader


O governo golpista, apesar de ilegítimo, colocou em pratica, de forma avassaladora, um pacote de medidas antipopulares, antidemocráticas e antinacionais. Trata de desmontar tudo o que de melhor foi feito pelos governos do PT, que transformaram positivamente o Brasil neste século. Ataca o patrimônio público, ataca os direitos dos trabalhadores, ataca os programas sociais.

Quer se afirmar diante do grande empresariado e da mídia pelas (contra)reformas neoliberais. Quer justificar seu mandato por ter passado à historia pelo desmonte do Estado de bem estar social, do caráter nacional do Estado, dos direitos dos trabalhadores.

Segue vendendo a preço de banana patrimônios da Petrobras e do Pre-sal. Acreditam que tanto estas vendas como aquele pacote são irreversíveis. Mudaram a Constituição em vários aspectos, gostariam de aprovar ainda retrocessos imensos na previdência social.

Esse é um sonho do neoliberalismo: inserir na Constituição os valores pregados por essa concepção do mundo. Sempre quiseram tornar obrigatória constitucionalmente a prioridade do ajuste fiscal. O pacote ja aprovado mudou a Constituição, com o objetivo de tornar perene o neoliberalismo,

Um tema reiterado nos discursos e entrevistas do Lula tem sido o o do referendo revogatório. Ele tem dito que seria impossível governar o Brasil e efetivamente resgatar a democracia, sem rever as iniciativas aprovadas pelo governo golpista, a começar pelo fim do congelamento de gastos sociais. Lula tem dito que convocaria um referendo revogatório para rever essas medidas, submetendo ao povo a decisão sobre todos os temas aprovados.

Lula tem dito que o referendo revogatório, junto com uma composição progressista do Congresso, são condições indispensáveis para fazer o Brasil voltar a ser um pais que cresça e distribua renda. Um governo que volte a centrar sua ação nas políticas sociais precisa rever a decisão dos tetos dos recursos sociais, antes de tudo. E' indispensável revisar os graves atentados aos direitos dos trabalhadores contidas na reforma da legislação do trabalho, é indispensável a revisão da terceirização das relações do trabalho.

A direita começa a integrar na agenda politica nacional o tema do referendo revogatório. Já é uma primeira vitória politica. A direita, pela mídia, manifesta sua preocupação com o tema, expressando supostas interrogações do mercado em relação à continuidade das (contra)reformas liberais. Agora acrescenta a isso a preocupação com a revisão do que ja foi aprovado.

Buscam depoimento de juristas, que declaram a ausência na Constituicao da figura do referendo revogatório. Que sua inclusão implicaria uma reforma constitucional, com o correspondente apoio de 3/5 do Congresso.

O que remete ao outro tema: o da necessidade de um Congresso com uma composição radicalmente diferente da atual. Não apenas para não repetir os riscos do golpe que a Dilma sofreu, mas também para apoiar o referendo revogatório e outras medidas, que tem a ver, antes de tudo, com a democratizacao dos meios de comunicação.

As Caravanas tem esses temas como centrais, difundindo sua importância e convocando aos movimentos sociais para responsabilizar-se por cotas que façam com que o Congresso se torne representativo da sociedade e não das grandes empresas, que compraram a maioria do Congresso atual.

Dado isso, será sempre possível encontrar a modalidade institucional que permita entregar nas mãos do povo a decisão sobre o pacote aprovado pelo Congresso comprado pela maior corrupção da história do país. Será, alem disso, uma nova modalidade de participação popular, que permitira' ampliar as formas democráticas de intervenção do povo nos temas de maior importância para o Brasil.



Brasil 247

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Matar Fidel, a obsessão dos norte-americanos




POR Fernando Brito · 27/10/2017





Fidel Castro é o ditador sanguinário e os Estados Unidos o campeão da democracia, certo?

Qualquer um, menos os bolsomitos que enchem a paciência na área de comentários – não respondam, não vou gastar o dia bloqueando essa turma -, vai ver que a história não é exatamente assim com a reportagem do Washington Post, que colocou uma dúzia de repórteres e editores para examinar os 2.800 arquivos da era JFK liberados pela Casa Branca.

Não explicam ainda o assassinato do então presidente dos EUA, mas revelaram, de cambulhada, as “1001 formas de matar Fidel Castro” tentadas pela CIA e por outros órgãos governo norte-americano.

Imagine uma forma de matar alguém e está lá: contratar a máfia, colocar veneno numa roupa de mergulho – esporte que Fidel Gostava de praticar – e até “rechear” uma concha marinha com explosivos e colocar nos lugares onde ele costumava nadar. E até uma digna de James Bond: “uma caneta esferográfica com uma agulha hipodérmica capaz de injetar veneno no líder cubano”. Fora, claro, rifles potentes e até a venda de peças para aviões da Cubana de Aviacción sabotadas, para ver se uma delas poderia derrubar um avião “castrista”.

E não era só Castro, não, nem Che ou Raul, seus auxiliares. “Outro documento descreve um esquema proposto pelo Pentágono chamado Operação Bounty que procurou derrubar o governo de Cuba e estabeleceu um sistema de recompensas financeiras para os cubanos por “matar ou entregar vivos comunistas conhecidos”.

E Fidel queria fazer o mesmo com Kennedy? Os documentos examinados pelo Washington Post revelam que não:

“Um projeto de relatório do Comitê Seleto de Assassinatos da Casa considerou improvável que Cuba matasse Kennedy como uma retaliação para as tentativas da CIA sobre a vida de Fidel Castro. “O Comitê não acredita que Castro teria assassinado o presidente Kennedy, porque tal ato, se descoberto, teria oferecido aos Estados Unidos a desculpa para destruir Cuba”, afirma o projeto. “O risco não valeria a pena”

Deixando de lado as bobagens que os documentos revelam sobre relações entre prostitutas e strippers com JFK e Lyndon Johnson – o calhamaço de documentos – e não são todos, além de muitos estarem cortados – mostra o quanto as agressões americanas desmentem a versão de que os “anjos da liberdade” queriam democracia em Cuba.

E o quanto os 90 anos de vida de Fidel foram, eles próprios, a sua maior vitória sobre o império.


Tijolaço

SAFATLE: BRASIL VIROU UMA CLEPTOCRACIA

"O fato é que nunca o país mostrou de maneira tão explícita quão bem ele se acomoda a ser uma cleptocracia na qual os três poderes estão organizados para defender uma espécie de núcleo duro da espoliação nacional. O Estado brasileiro estará disposto a usar de toda sua violência e intimidação para deixar intocada sua casta", escreve Vladmir Safatle

27 DE OUTUBRO DE 2017 


247 - Em sua coluna nesta sexta, o filósofo Vladmir Safatle chama a atenção para a "cleptocracia" que domina o Brasil.

"Diante de um país no qual o ocupante da Presidência rifa direitos, facilita o uso de trabalho escravo, compra deputados e usa a máquina governamental para livrar-se de uma denúncia da procuradoria por formação de organização criminosa e obstrução de justiça, no qual um ministro do STF recebe 46 ligações de Whatsapp de um réu com o qual ele tem ligações sabidamente carnais, o cômico é ouvir o tom de quem narra tudo isto como se estivéssemos a assistir os embates políticos de uma democracia.

Deve ser algo parecido à República velha, na qual uma oligarquia inventava eleições de fachada e a imprensa descrevia aquele jogo de cena como se fosse um embate democrático.

O fato é que nunca o país mostrou de maneira tão explícita quão bem ele se acomoda a ser uma cleptocracia na qual os três poderes estão organizados para defender uma espécie de núcleo duro da espoliação nacional.

O Estado brasileiro estará disposto a usar de toda sua violência e intimidação para deixar intocada sua casta."



Brasil 247

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Crônica de um país dominado pelo crime, por Luís Nassif

QUI, 26/10/2017 - 06:51

Por Luis Nassif



O que se tem, nesse exato momento, é um vácuo político amplo no cenário brasileiro.



A grande lambança do impeachment esgotou os templários, que guerrearam na linha de frente. A terra começa a se assentar. E, agora, em cima da terra arrasada, observa-se um saque indiscriminado, com os órgãos de controle inertes, sem condições políticas e institucionais de agirem.

Os principais personagens do impeachment estão no seguinte estágio:

STF

Sem comando, sob a presidência frágil de Carmen Lúcia. Aliás, desde o primeiro momento se sabia da sua fraqueza. Mas a realidade virtual se impôs tanto sobre o mundo real, que a Globo chegou a apostar em Carmen Lúcia como alternativa política.

O STF está sendo agredido por todos os lados. E, internamente, não tem coesão para reagir. A cada dia, mais um Ministro ensaia seus voos solos, liquidando com a ideia de colegiado. Agora, é o inacreditável Alexandre de Moraes que vem se juntar ao onipresente Gilmar Mendes e ao diáfano Luís Roberto Barroso.

O único avanço que ocorreu foi uma pausa nas manipulações dos sorteios, muito mais por estar dando na vista do que por qualquer medida saneadora.

CNJ

O comando passou às mãos suspeitíssimas do corregedor João Otávio Noronha. Trata-se de um antigo advogado do Banco do Brasil, que chegou ao Superior Tribunal de Justiça por conta de ligações políticas e que coleciona uma enorme fieira de sentenças polêmicas.

Valendo-se da fragilidade de Carmen Lúcia, Noronha deu início a uma campanha macarthista no âmbito do CNJ, contra juízes de pensamento político diferente do seu.

A Ministra que se vangloriava de defender os seus - "onde um juiz for atacado, lá estarei para defendê-lo" - isenta Aécio Neves e permite o ataque aos juízes que não compactuam com o pensamento do corregedor.

Mídia

Perdeu totalmente o rumo. O poder de que se revestiram é proporcional à crise econômica que assola os principais grupos.

Ficaram à reboque da Lava Jato. E valem-se de seu poder de pautar e serem pautados para vender proteção. Hoje em dia, os repórteres estão proibidos de mencionar os problemas de grandes anunciantes. É o que explica o estardalhaço da Operação Acrônimo ter se limitado à Odebrecht, e Gol e CAOA ficarem de fora.

Lava Jato

A perseguição a Lula se tornou escandalosa até para os veículos mais alinhados com o impeachment. Cada martelada na legalidade expõe a parcialidade da Justiça e a impotência do STF.

Governo Temer

À vontade. Uma organização criminosa explícita que expõe, com notável didatismo, a hipocrisia dos sistemas de poder no país. Eliseu Padilha desnuda a alma nacional em toda sua crueza: qual é o preço? Eu pago. E paga com emendas, portarias, leis, vendas de estatais, perdas de direitos.

A vontade nacional

Alguns dos negócios afetarão a vida do país por décadas, mas o país está dividido por corporações em todos os níveis.

Juízes, advogados, procuradores, imprensa se valem da máxima: mexeu com um, mexeu com todos! Em todos os núcleos institucionais, talvez seja a palavra de ordem mais ecoada. E não há uma força sequer para defender interesses nacionais ou interesses dos vulneráveis acima dos interesses corporativos menores.

No CNJ, a Ministra Carmen Lúcia anunciou a recriação de um grupo de trabalho para resguardar a liberdade de imprensa, exclusivamente dos grupos de mídia.

Os setores desorganizados ou vulneráveis ficam expostos a toda sorte de abusos.

Nesse período do impeachment e do pós-impeachment, recaíram ameaças sobre juízes e procuradores que ousaram se manifestar contra o golpe. Enquanto os setores majoritários gozam de liberdade para toda sorte de protagonismo político.

A legitimidade e a política

Por mais selvagem que seja o jogo político, por mais primário que seja o sentimento civilizatório nacional, não há jogo que se mantenha sem uma nesga de legitimidade

É bobagem achar que a falta de reações imediatas seja aceitação dos absurdos que estão sendo cometidos. De escândalo em escândalo, de impotência em impotência vai-se pavimentando a próxima etapa política, na qual inevitavelmente aparecerá um Bonaparte.

A única incógnita é sua extração política, mas será inevitável que o espaço seja ocupado por uma personalidade política autoritária, tais as disfunções do aparelho institucional brasileiro.



Jornal GGN

CNBB PEDE POVO NA RUA CONTRA A CORRUPÇÃO

Conselho da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil divulga três notas duríssimas em crítica aos retrocessos promovidos pelo governo Temer, que afeta "tanto a população quanto as instituições brasileiras", após conferência realizada entre 24 e 26 de outubro; "A barganha na liberação de emendas parlamentares é uma afronta aos brasileiros", atestam o cardeal Sergio da Rocha, Dom Murilo S. R. Krieger e Dom Leonardo Ulrich Steiner, presidente, vice-presidente e secretário-geral da CNBB, respectivamente; os líderes religiosos ressaltam ainda que "só uma reação do povo, consciente e organizado, no exercício de sua cidadania, é capaz de purificar a política, banindo de seu meio aqueles que seguem o caminho da corrupção e do desprezo pelo bem comum"; outras notas falam sobre "vencer a intolerância e o fundamentalismo" e condena a portaria de Temer sobre o trabalho escravo; leia as notas

26 DE OUTUBRO DE 2017 


247 - Após conferência realizada entre os dias 24 e 26 desta semana, o Conselho da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou três notas duríssimas contra o o governo Michel Temer.

Nota sobre o atual momento político, assinada por Sergio da Rocha (arcebispo de Basília), Dom Murilo S. R. Krieger (arcebispo de São Salvador da Bahia) e Dom Leonardo Ulrich Steiner (bispo auxiliar de Brasília), presidente, vice-presidente e secretário-geral da CNBB, respectivamente, aponta que os retrocessos do atual governo afetam "tanto a população quanto as instituições brasileiras".

"A barganha na liberação de emendas parlamentares é uma afronta aos brasileiros", atestam os líderes religiosos. Eles acrescenta que a retirada de indispensáveis recursos em áreas como saúde, educação e programas sociais "aprofunda o drama da pobreza de milhões de pessoas". "O divórcio entre o mundo político e a sociedade brasileira é grave", ressaltam.

"É grave tirar a esperança de um povo. Urge ficar atentos, pois situações como esta abrem espaço para salvadores da pátria, radicalismos e fundamentalismos que aumentam a crise e o sofrimento, especialmente dos mais pobres, além de ameaçar a democracia no País", alertam.

Os líderes da CNBB ressaltam ainda que "só uma reação do povo, consciente e organizado, no exercício de sua cidadania, é capaz de purificar a política, banindo de seu meio aqueles que seguem o caminho da corrupção e do desprezo pelo bem comum".

Foram divulgadas também outras duas notas pela CNBB, sobre "Vencer a intolerância e o fundamentalismo" e condenando a portaria de Temer sobre o trabalho escravo. Leia mais na reportagem da Agência Brasil:

CNBB repudia e classifica de desumana portaria sobre trabalho escravo

Helena Martins - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) classificou nesta quinta-feira (26) de desumana e considerou um retrocesso a Portaria 1.129 do Ministério do Trabalho, que alterou as regras para classificação e combate ao trabalho escravo.

"Tal iniciativa elimina proteções legais contra o trabalho escravo arduamente conquistadas, restringindo-o apenas ao trabalho forçado com o cerceamento da liberdade de ir e vir. Permite, além disso, a jornada exaustiva e condições degradantes, prejudicando assim a fiscalização, autuação, penalização e erradicação da escravidão por parte do Estado brasileiro", disse em nota a CNBB, que repudiou a portaria.

O secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, disse que a medida "diminui a força no combate ao trabalho escravo" por mudar a definição do que seja essa prática e os modos de averiguação e punição. Para o bispo, as pessoas não devem ser tratadas como objetos de ganância. "A pessoa humana tem a sua grandeza, tem a sua dignidade, e nós todos, eu creio, como sociedade brasileira, queremos cuidar dos nossos irmãos e irmãs que trabalham e trabalham em um trabalho pesado, que nós não desejamos que seja forçado."

A nota da CNBB reconhece a importância da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender a "portaria da escravidão", conforme intitula a confederação, e destaca que o país "tem o dever de repudiar qualquer retrocesso ou ameaça à dignidade e liberdade da pessoa humana".

Vice-presidente da CNBB, dom Murilo Krieger alertou que essa defesa não deve ser feita apenas pelos bispos, mas assumida por todos os "que, conscientes de seus direitos, devem assumir o seu protagonismo perante as realidades do mundo". "Tudo aquilo que fizermos de forma pacífica e dentro do que o Estado de Direito permite é válido, e não podemos ficar só esperando soluções vindas do alto, no sentido de altas autoridades, mas temos que mostrar que, como cidadãos, temos o direito de nos manifestar."

Investigação

Apesar de suspensa pelo STF, a portaria que propôs mudanças nas regras de combate ao trabalho escravo continua provocando reações. Na quarta-feira (25), o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) decidiu instaurar comissão de apuração de condutas e situações contrárias aos direitos humanos para investigar o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira.

Esta é a primeira vez que o colegiado abre um procedimento apuratório, recurso previsto na Lei 12.986/2014, regra que criou este órgão de Estado.

Segundo o CNDH, a abertura do procedimento decorre "das ações reiteradas adotadas pelo ministro, desde o início de sua gestão, que criam dificuldades ao processo de erradicação do trabalho escravo no país, como na ação voltada à não publicação da lista suja e, mais recentemente, com a publicação da Portaria MTB nº 1.129/2017". O ministro ainda não foi notificado.

Confira a íntegra dos documentos abaixo:



Safado compra safados





Conversa Afiada

O PSDB na lata do lixo





Conversa Afiada

Corta, corta e o rombo só cresce



POR FERNANDO BRITO · 26/10/2017




A capa do site do Valor, aí em cima, não podia ser mais expressiva.

Mesmo com o crescimento da receita (em grande parte por conta do PIS/Cofins e do Refis que, em parte, terá de ser devolvido, por conta das regras mais frouxas sancionadas por Temer para comprar votos), o rombo das contas públicas em setembro veio acima do esperado e elevou o acumulado no ano para o maior valor desde – atenção! – 1997!

Mesmo com a súbita onda de fé cristã em que flutua o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está cada vez mais difícil ficar dentro da meta – já ampliada – de R$ 159 bilhões.

Porque, até setembro, o déficit de R$ 108,5 bilhões deixa, para alcançar a tal meta, um saldo negativo disponível de R$ 50 bilhões. A isso o governo espera somar R$ 27 bilhões com concessões de usinas hidroelétricas, campos do pré-sal e aeroportos.

Ou seja, tem R$ 77 bilhões para enquadrar saldos mensais em outubro e novembro na casa do registrado em setembro (-R$ 22,7 bi) e R$ 32 bilhões para fazer frente ao gasto significativamente maior de dezembro, com pagamentos de 13° e pagamentos de final de período.

Vai ser preciso orar muito para dezembro ficar só nisso.

Ainda assim, com uma redução monstruosa no custeio da máquina pública, onde hoje falta de tudo, e dos investimentos. Do mesmo Valor:

Nos nove primeiros meses de 2017, os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) somaram R$ 15,766 bilhões, ante R$ 26,983 bilhões verificados no mesmo período do calendário anterior . No caso do Minha Casa, Minha Vida, os investimentos foram de R$ 1,968 bilhão, montante inferior aos R$ 4,769 bilhões de igual intervalo de 2016.

Veja bem os cortes são em comparação ao final de 2016, quando já se cortava impiedosamente. Os investimentos das estatais caiu à metade. Os gastos com construção e conservação de rodovias, também quase à metade do que era em 2014.

Alguém tem de contar a essa gente que, na economia, repete-se o que ensinava a charada inocente da infância: “o que é, o que é, que quanto mais se tira, maior fica?. Buraco!”


Tijolaço