domingo, 24 de dezembro de 2017

17 bilionários brasileiros, incluindo donos da Globo, estão nos Paradise Papers, diz site

Postado em 24 de dezembro de 2017 às 6:54 am


Em reportagem feita por Luiz Felipe Barbiéri, Ana Krüger, Mateus Netzel, Douglas Pereira e Fernando Rodrigues, o site Poder360 aponta que Jorge Paulo Lemann, Joseph Safra, Abílio Diniz e os irmãos donos da TV Globo (Irineu Marinho e seus irmãos João e José) estão na lista dos Paradise Papers.

Apuração aborda empresas abertas em paraísos fiscais como Bermudas, Bahamas, Ilhas Cayman, Ilhas Virgens e Malta.

Documentos obtidos pela investigação internacional Paradise Papers mostram que pelo menos 17 bilionários brasileiros estão ou já foram ligados a empresas abertas em paraísos fiscais.


O Poder360 considerou o ranking de bilionários da revista Forbes de 2017 para enquadrar neste grupo os mencionados nesta reportagem. Também foi levado em consideração qualquer tipo de relação com as empresas: acionista, diretor, presidente, secretário, entre outros.

As offshores foram registradas em países como Bermudas, Bahamas, Ilhas Cayman, Ilhas Virgens e Malta. A maioria das companhias atua como subsidiária das matrizes instaladas no Brasil. Para pagar menos impostos, as empresas mantêm no exterior parte do dinheiro obtido com as atividades.

Não é ilegal brasileiros serem proprietários de offshores, desde que devidamente declaradas à Receita Federal, no caso de cidadãos que têm domicílio fiscal no Brasil. Empresas que mantêm subsidiárias em outros países precisam declará-las em seus balanços financeiros.

O Banco Central também deve ser informado anualmente caso pessoas residentes no Brasil mantenham ativos (participação no capital de empresas, títulos de renda fixa, ações, depósitos, imóveis, dentre outros) com valor igual ou superior a US$ 100 mil no exterior. Se o montante for igual ou ultrapassar os US$ 100 milhões, a declaração deve ser trimestral.

O empresário Jorge Paulo Lemann, homem mais rico do Brasil e acionista de empresas como InBev, Burger King e Heinz; aparece como diretor ou presidente de pelo menos 20 offshores. Em 10 delas, está lado a lado dos parceiros da AB Inbev Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herman Telles.

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O banqueiro Joseph Safra, 2º homem mais rico do país com fortuna calculada em US$ 20,5 bilhões, foi diretor da Comtel Holding Limited, aberta nas Bahamas. Safra aparece ainda como presidente da Lafayette Holding Limited, registrada no mesmo país.

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O Banco Safra também está nas Bahamas como Safra International Bank & Trust Ltd. e Safra International Holding Ltd. No quadro de acionistas aparecem outras duas companhias: a J. Safra Holding AG (Suíça) e J. Safra Management Holding (Bahamas).

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Na lista de bilionários brasileiros ligados a offshores aparecem ainda integrantes da família Marinho, dona do Grupo Globo, o empresário Abílio Diniz, acionista do Carrefour e da BR Foods, herdeiros da construtora Camargo Corrêa, entre outros. 

Os irmãos Marinho: telhado é uma casquinho de vidro


PS do DCM:

O Boston Consulting Group diz que cerca de US$ 10 trilhões estão hoje em empresas offshore. Isto equivale ao PIB do Japão, do Reino Unido e da França – juntos. Equivale também a cinco vezes e meia o PIB do Brasil em 2016. E esta pode ser ainda uma estimativa conservadora, relata a BBC.

Críticos da indústria offshore dizem que ela está baseada principalmente em manter e proteger segredos – o que abre caminho para malfeitos e para a manutenção da desigualdade. Dizem ainda que a ação dos governos para conter este problema tem sido lenta e pouco eficaz.

A socióloga Brooke Harrington diz que, se os ricos estiverem sonegando impostos, os pobres acabarão pagando a conta. “Há um montante mínimo de recursos que os governos precisam para funcionar, e eles acabam repondo o que perdem para os ricos e as corporações retirando dos nossos lares”, diz.

“Precisamos saber o que está acontecendo além-mar. Se as offshores não fossem secretas, uma parte destas transações simplesmente não poderia acontecer. Precisamos de transparência e precisamos que a luz do Sol chegue até lá”, diz Meg Hiller, uma congressista inglesa do partido Labour e presidente da Comissão de Contas Públicas do Parlamento inglês.



Diário do Centro do Mundo   -   DCM

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